Colisão entre planetas pode ter originado novo objeto astronômico. O que será?
Usando dados do NEOWISE, um grupo de astrônomos de Leiden na Holanda observaram dois planetas se colidindo pela primeira vez. A colisão deu resultado a uma nova estrutura que não tinha sido observada antes. Além disso, entender essa colisão pode nos dar resposta de como a Lua se formou quando a Terra ainda era jovem.
Uma das ideias para a formação da Lua é que um planeta do tamanho de Marte pode ter se colidido com a Terra nos primórdios do Sistema Solar. Além de ter originado a Lua, a colisão também pode ter feito com que a Terra ficasse inclinada causando as estações do ano que conhecemos hoje.
É esperado que na formação de um novo sistema planetário possa ocorrer colisões com uma frequência maior. Isso porque os objetos ainda estão se formando e diferentes objetos podem acabar interferindo na mesma órbita. Algo semelhante é esperado que tenha acontecido com a Terra e um planeta chamado Theia.
Pela primeira vez, um grupo de astrônomos conseguiu observar a colisão entre dois planetas e o resultado que se origina depois. Eles perceberam a formação de uma estrutura que pode explicar porque a luminosidade de estrelas parecem enfraquecer do nada.
Como surge um sistema planetário?
A hipótese mais aceita atualmente é a hipótese nebular. Nessa hipótese, nuvens de hidrogênio molecular instáveis acabam colapsando em esferas que rotacionam formando estrelas. Parte do gás ao redor também colapsa formando os planetas.
Recentemente, o ALMA conseguiu capturar imagens de discos que estão no processo de formação de planetas em torno de uma estrela. Esse processo é complexo e ainda tem várias questões em aberto para explicar a formação.
Sistema Solar surgindo de uma nuvem
É esperado que o Sistema Solar tenha surgido de uma nebulosa segundo a hipótese nebular. Ainda não se sabe exatamente o que causou o colapso dessa nuvem de gás. Algumas pesquisas sugerem que a supernova de uma estrela próximo liberou energia suficiente para nuvem colpasar.
Parte do motivo é que o intenso efeito gravitacional do Sol faz com que a parte mais interna seja um pouco mais caótica e instável que a parte mais externa. Esse é um dos motivos que planetas gigantes só conseguiram se formar na parte externa.
O mundo caótico onde a Terra habitava
Na parte interna do Sistema Solar é estimado que dezenas e até centenas de protoplanetas se formaram. Com a grande quantidade junto com a interação gravitacional do Sol, era comum que os protoplanetas colidissem formando objetos maiores.
Isso provavelmente aconteceu com o protoplaneta que daria origem à Terra e um proplaneta chamado Theia. Nessa colisão, provavelmente deu origem a uma nuvem de poeira, rocha e gás que mais tarde formou a Lua.
O sistema planetário ASASSN-21qj
Após o observatório ASASSN ter alertado sobre uma mudança de brilho na estrela ASASSN-21qj, o grupo focou a atenção nela. A luz da estrela parecia ter diminuído e além disso, encontraram evidências que a estrela havia aumentado o brilho no infravermelho momentos antes de começar a diminuir.
Essa mudança repentina de brilho não é comum para uma estrela na sequência principal e semelhante ao Sol. Isso chamou a atenção dos pesquisadores que começaram a investigar uma hipótese: dois planetas gigantes se chocaram na frente da estrela.
A ideia era que o choque entre os dois planetas criou o pico no infravermelho visto anteriormente e após o choque se formou uma estrutura chamada sinestia. A sinestia seria uma estrutura em formato de donut formada por resquícios da colisão. A sinestia passaria em frente da estrela e daria impressão que o brilho da estrela diminuiu.
Uma possível explicação para o que aconteceu na Terra?
Observar a colisão entre dois planetas pode nos dar indícios do que aconteceu na história do nosso próprio planeta. Alguns sugerem que uma estrutura semelhante a sinestia foi responsável pela formação da Lua.
Além disso, a descoberta pode explicar a diminuição de brilho que acontece em diferentes estrelas. Uma mais recente foi a Betelgeuse que diminuiu seu brilho em 2021 e mais tarde foi encontrado que a causa foi uma nuvem de gás passando em frente da estrela.
Próximos passos
A ideia é continuar observando os próximos momentos do sistema. O grupo propõe utilizar o telescópio James Webb para conseguir entender a dinâmica do sistema no infravermelho. Observar o que vai acontecer agora pode nos indicar o que aconteceu com nosso planeta bilhões de anos atrás.