Comer insetos geraria mais sustentabilidade para o planeta?
Você já teve coragem de comer insetos alguma vez na sua vida? Muitos países já são adeptos a esta prática não tão convidativa, mas será que isso geraria mais sustentabilidade para o planeta nos próximos anos?
Historicamente, os insetos são vistos de forma negativa por nós humanos, eles nos cercam por todo lugar e sempre viveram conosco. De modo geral, vemos os insetos como forma de degradação e principalmente transmissão de doenças.
Entretanto, colocando na balança, os insetos são mais importantes do que imaginamos, uma vez que são essenciais para manter o equilíbrio da cadeia alimentar. Esses pequenos bichinhos polinizam as plantas que comemos, controlam as invasões de pragas para que não destruam as plantações e alimentem outros animais superiores, dando continuidade à cadeia que nos permite acabar comendo galinhas, peixes ou porcos.
Ana Belén Arévalo, engenheira técnica agrícola da Agrobío, explica que os insetos prestam um serviço importante à natureza. Se tudo estiver em equilíbrio e não matarmos esse equilíbrio com ferramentas como os pesticidas mais agressivos, o que podemos conseguir é um equilíbrio natural de pragas e, dessa forma, conseguir obter mais comida saudável, por isso a importância do controle biológico de pragas.
Insetos como alimento
Você já comeu algum inseto na sua vida? Pois é, em alguns lugares como Ásia e América, essa prática já existe. Quem nunca viu algum amigo postando foto comendo um belo escorpião frito no espeto não é mesmo? Você encararia?
Na Europa, os insetos ainda não fazem parte da gastronomia popular, mas a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) está estudando a inclusão de diferentes espécies de insetos para consumo humano. Chamados de "novos alimentos", incluem diferentes tipos de grilos, larvas e vermes.
Mas por que, afinal, transformar insetos em alimento? São vários motivos: apresentam alta concentração de proteínas, envolve baixo consumo de recursos, não contribuem para a geração de gases de efeito estufa, e por fim, seus excrementos podem ser reaproveitados como fertilizantes para a agroindústria.
Dúvidas alimentares
Obviamente, dúvidas foram levantadas sobre a segurança de ingerir esses "novos alimentos", são estudadas as possíveis doenças que podem ser transmitidas. No momento, os insetos estão associados a reações alérgicas.
Até pouco tempo atrás, a produção de insetos era destinada à alimentação de animais de estimação ou em cativeiro, não adequados para consumo humano. Mas agora as coisas estão mudando.
O tenébrio (um pequeno besouro) foi o primeiro inseto ao qual a EFSA deu luz verde, por isso já pode ser introduzido diretamente na dieta humana e, mais principalmente, na alimentação de animais que entram na cadeia alimentar humana. Basicamente, é produzido para alimentação de porcos, pássaros e peixes.
Impacto nas mudanças climáticas
Seria loucura dizer que a esperança de reverter as mudanças climáticas está em insetos, muito menos, em transformá-los em alimento. Porém, há dados que os apontam como possíveis cúmplices na luta contra alguns perigos ambientais, como por exemplo, os plásticos.
Existe um projeto de pesquisa Ap-Waste que gira em torno da alimentação de larvas de tenébrio molitor com plásticos de resíduos agrícolas. Os pesquisadores do CSIC José A. Pascual e Margarita Ros, explicam que os tenébrios se alimentam de farinha, que tem uma estrutura química mais parecida com a do plástico.
Por outro lado, o lixo orgânico da coleta seletiva também é um problema para as grandes cidades. Outro projeto europeu, ValueWaste, estuda se as larvas da mosca do soldado negro, Hermetia illucens, alimentadas com esse tipo de resíduo, podem manter a segurança alimentar necessária para reintroduzi-los na cadeia alimentar humana.
Fica a dúvida, pois o lixo não se encontra no estado “limpo”, mas sofre de diversos tipos de contaminação cruzada com tudo o que deitamos fora sem ser estritamente orgânico. Se ficar comprovado que esta contaminação cruzada não afeta as larvas das moscas, elas poderiam, por um lado, ser utilizadas na alimentação humana ou para animais destinados ao consumo humano e, por outro, poderiam ser processadas para extrair proteínas, gorduras e quitina deles.