Comilão! Encontrado buraco negro devorando uma estrela igual ao Sol
Dados do observatório Swift mostraram um buraco negro a cerca de 500 milhões de anos-luz que está se alimentando de uma estrela semelhante ao Sol. Cada vez que a estrela passa em um ponto próximo do buraco negro, ela perde cerca de 3 vezes a massa da Terra para o buraco negro comilão.
A ideia de um buraco negro engolindo o Sol já passou pela cabeça de muitas pessoas e imaginar os possíveis cenários. Felizmente, nós estamos salvos desse risco aqui na Terra. A probabilidade de um buraco negro engolir o Sol é praticamente zero.
Porém, essa sorte não acontece com uma estrela com massa semelhante ao Sol que orbita um buraco negro em uma galáxia a 500 milhões de anos-luz. A cada aproximação da estrela, ela perde cerca de 3 vezes o equivalente a massa da Terra para o buraco negro.
O trabalho usando dados do observatório da NASA, Swift, foi publicado pela revista Nature. Ficou conhecido como um tidal disruption event (TDE) que é quando forças de maré destroem uma estrela aos poucos.
Forças de maré
Conhecemos o termo força de maré por causa dos efeitos que corpos celestes, principalmente a Lua, causam na Terra alterando a dinâmica dos oceanos. Provavelmente, você já esteve em uma situação onde alguém afirmou que a maré do mar estava alta ou baixa.
O efeito fica ainda mais intenso quando vamos para objetos com campos gravitacionais fortes, como buracos negros. As forças de maré causadas em um objeto orbitando um buraco negro podem destruir o objeto.
A Física da força de maré
A força gravitacional de um corpo depende do quadrado da distância. Algo que está mais longe tem uma interação gravitacional menor do que algo que está mais perto de um dado objeto massivo.
Isso faz com que a força que um corpo com um dado volume sofre seja diferente em diferentes pontos. O lado mais próximo do objeto sofre uma força mais intensa do que o lado oposto que está mais distante.
Espaguetificação: a força de maré por um buraco negro
Para objetos que tem o azar de estarem próximos a um campo gravitacional de um buraco negro, a força de maré intensifica ainda mais. A diferença que os diferentes pontos sofrem pode ser grande o suficiente para que destrua o objeto.
Inclusive, a espaguetificação é um dos motivos que dificilmente conseguiríamos chegar próximos de buracos negros estelares. A diferença de campo gravitacional nos nossos pés e na nossa cabeça nos esticaria como uma espaguete antes de chegarmos ao buraco negro.
A estrela azarada
Esse efeito que é chamado, em inglês, de tidal disruption event (TDE) é cada vez mais comum de ser observado. Isso acontece quando geralmente estrelas se aproximam de um buraco negro e parte da massa é perdida, sem destruir a estrela.
Encontraram um desses eventos na galáxia 2MASX J02301709+2836050 a cerca de 400 milhões de anos-luz de nós. Uma estrela semelhante ao Sol orbita um buraco negro de 200 mil massas solares e perde cerca de 3 vezes a massa da Terra a cada aproximação.
O conjunto de estrela e buraco negro ficou conhecido como Swift J0230 e a observação foi feita em Junho de 2022 através do equipamento de raios-X do observatório Swift.
Raios-X é a forma de enxergar esses objetos
O processo é extremamente energético e pode acontecer do material da estrela interagir com o material que o buraco negro já está engolindo. É possível observar picos de raios-X quando um fenômeno desses acontece.
Usando o instrumento de observação em raios-X, foi possível comparar com imagens antigas da região e perceber que os picos aconteciam com uma dada frequência. Essa frequência bate com a órbita de uma estrela semelhante ao Sol em torno do buraco negro.