Como a disseminação do Coronavírus pode estar associada ao clima?
O novo coronavírus tem causado muita preocupação devida sua rápida transmissão e alto número de infectados pelo mundo. Com a chegada do outono surge a questão: Será que a transmissão desse vírus pode ser alterada pelas mudanças do clima?
Um novo Coronavírus tem se espalhado rapidamente pelo mundo, desde seu surgimento em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, na China, mais de 111 mil pessoas foram contaminadas, e 3 892 mortes foram contabilizadas pelo mundo. No Brasil já são 25 os casos do novo coronavírus!
Existem dezenas de vírus na família do coronavírus, que costumam causar infecções respiratórias em seres humanos e animais. Apenas 7 deles afetam os humanos, 4 deles causam resfriados leves, enquanto os outros são mais letais e acredita-se que sejam transmitidos por animais, como morcegos. O novo coronavírus, classificado pelas autoridades como SARS-CoV-2 (Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2) e sua doença a COVID-19, está associado a um quadro de infecção respiratória que envolve tose, falta de ar, febre e pode progredir para um quadro de pneumonia que, em pacientes já debilitados, pode levar ao óbito.
No mês passado o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um tweet sobre os esforços da China para conter o novo vírus dizendo que eles seriam bem-sucedidos “especialmente quando o tempo começar a esquentar”. Mas será que as mudanças de temperatura realmente tem efeito sobre a disseminação do vírus?
Cientistas dizem que os vírus que causam gripes e resfriados leves da família do coronavírus apresentam certa “sazonalidade”, tendendo a diminuir nos meses mais quentes do ano. Porém, ainda é muito incerto afirmar que o SARS-CoV-2 se comporte da mesma maneira, já que as pesquisas a respeito do novo vírus ainda são muito recentes.
Pesquisas mostram que os vírus associados a gripe tendem a se espalhar com mais facilidade durante os meses de inverno. Um dos motivos vem do fato das pessoas geralmente ficarem aglomeradas em locais fechados para fugir das baixas temperaturas, o que facilita a transmissão. Além disso, estudos mais recentes sugerem que o ar frio e seco de inverno pode ajudar os vírus a se mantarem intactos no ar e viajarem longas distâncias.
Um dos primeiros estudos a testar como as condições do tempo influenciavam a transmissão de vírus foi publicado em 2007. Nesse estudo os pesquisadores realizaram dezenas de experimentos laboratoriais com porquinhos-da-índia para ver como o vírus da gripe se espalhava em diferentes condições de temperatura e umidade. Ao final eles verificaram que altas temperaturas e, principalmente, alta umidade desaceleravam a propagação da gripe. Em níveis muito altos de umidade o vírus chegou a parar de se espalhar completamente, isso porque a presença de muitas gotículas de água no ar atrapalhavam a propagação do vírus.
Estudos realizados fora de laboratórios apresentaram resultados semelhantes, apesar de algumas regiões tropicais apresentarem mais casos de gripe durante a estação chuvosa, quando as pessoas também acabam se aglomerando em ambientes fechados. Além do mais, cientistas dizem que a baixa umidade característica do inverno prejudica a função do muco do nariz, de reter e expulsar corpos estranhos. A luz solar (raios UV), que em algumas regiões é menos abundante durante o inverno, também pode auxiliar na quebra dos vírus em superfície, quase que esterilizando a superfície.
Dessa forma, especialistas tem esperanças que a transmissão da nova COVID-19 desacelere com a chegada da primavera e verão no Hemisfério Norte, onde há uma maior numero de infectados. Porém, para nós que vivemos no Hemisfério Sul a chegada do outono e inverno acende um alerta para um possível aumento da transmissão da COVID-19, por isso os cuidados e precauções devem ser redobrados!