Como é o escudo térmico inflável que nos permitirá pousar em Marte
Na manhã da última quinta-feira (10), o LOFTID, um sistema de pouso que permitirá que equipamentos, veículos e tripulações entrem em planetas com atmosferas finas, fez seu voo de teste. Saiba mais aqui.
Um dos maiores desafios para chegar a Marte com espaçonaves tripuladas ou grandes equipamentos é conseguir entrar e descer através de sua atmosfera. É um momento crítico, porque a atmosfera marciana é muito fina para desacelerar uma espaçonave da mesma forma que na atmosfera da Terra.
“Quando uma espaçonave entra em uma atmosfera, forças aerodinâmicas atuam sobre ela. Especificamente, a resistência aerodinâmica ajuda a reduzir a velocidade convertendo sua energia cinética em calor. A utilização da resistência atmosférica é o método mais eficiente em massa para desacelerar uma espaçonave”, explica a NASA.
Em busca de soluções, na manhã da última quinta-feira (10), da Base Vandenberg, na Califórnia, foi lançado o voo de teste do LOFTID (Low-Earth Orbit Flight Test of an Inflatable Decelerator), um escudo desacelerador inflável, projetado para atravessar as condições atmosféricas de Marte, mas também de outros planetas com atmosferas menos densas. Poderia ser usado até para reingressar objetos grandes à Terra.
O dispositivo foi lançado como uma carga secundária junto com o satélite polar JPSS2, que monitorará a atmosfera da Terra a partir de hoje. Ambos os dispositivos decolaram a bordo do foguete Atlas V da United Launch Alliance (ULA). Uma vez que o JPSS2 estava em sua órbita, o LOFTID continuou com sua missão: se desprender e reingressar na atmosfera da Terra com sucesso.
O LOFTID atua como um freio gigante. Com 6 metros de diâmetro, é feito de materiais resistentes, como carbeto de silício, que juntamente com uma barreira de gás, compõem o sistema de proteção térmica flexível que pode suportar temperaturas extremamente altas, acima de 1.500 °C.
A estrutura inflável é um conjunto de anéis fabricados a partir de um polímero sintético, dez vezes mais resistente que o aço. Assim, é flexível o suficiente para entrar em colapso durante o lançamento, mas extremamente forte para permanecer rígido quando inflado e manter sua forma aerodinâmica.
Dentro da estrutura está o corpo central, que abriga o sistema de inflação e grande parte dos instrumentos. Além disso, ele carrega um módulo de dados ejetável, que transmite informações em tempo real a cada 20 segundos e é ejetado do restante do dispositivo antes do pouso.
Um grande passo para a humanidade
Sob o olhar atento dos cientistas da NOAA e da NASA e milhares de pessoas nas mídias sociais, a missão de quinta-feira foi concluída com sucesso. Uma vez que o LOFTID se separou do Atlas V, adotou a trajetória de reentrada na Terra. Com a estrutura inflável desdobrada, a aeronave retornou à atmosfera e pousou na costa do Havaí, onde era previsto.
Minutos depois, os membros da equipe recuperaram o escudo térmico do Oceano Pacífico. Logo, foram em busca do módulo de dados ejetável, que contém um backup dos dados de demonstração que também são armazenados no escudo térmico.
O tamanho geral do escudo térmico será escalável por missão, o que significa que essa tecnologia pode ser usada para uma variedade de expedições futuras, desde aterrissagem de tripulações, veículos ou equipamentos em Marte, até o retorno de grandes componentes de voos espaciais à órbita da Terra.
A NASA e a United Launch Alliance dedicaram a missão LOFTID em homenagem a Bernard Kutter, gerente de programas avançados da ULA, que faleceu em agosto de 2020.