Condições quentes e secas intensificaram os incêndios florestais no Pantanal em 40% devido às mudanças climáticas
As mudanças climáticas tornaram os incêndios florestais do Pantanal em junho deste ano 40% mais intensos. Se o aquecimento global atingir 2°C, esses incêndios se tornarão duas vezes mais prováveis.
O Pantanal está localizado na fronteira com a Bolívia e o Paraguai, abrangendo mais de 15 milhões de hectares. A temporada de incêndios começou mais cedo este ano, em meados de junho, quando normalmente eles ocorrem entre agosto e setembro.
Os incêndios matam inúmeros animais selvagens e pássaros, destroem habitats vitais e tornam a vida muito mais difícil para os animais que conseguem escapar, já que comida e água se tornam cada vez mais escassas.
As mudanças climáticas estão aumentando os incêndios florestais no Pantanal
As mudanças climáticas influenciadas pelo homem estão aumentando os incêndios florestais em muitas regiões do planeta, pois as condições climáticas quentes e secas aumentam o risco de incêndios tanto começarem quanto se espalharem.
Pesquisadores do Brasil, Holanda, Suécia e Reino Unido buscaram avaliar em que medida as mudanças climáticas alteraram a probabilidade e a intensidade das condições climáticas que alimentaram os incêndios florestais do Pantanal. Além disso, investigaram como essas condições serão afetadas em um cenário com temperaturas mais elevadas.
Para ilustrar a duração e a extensão dos incêndios no Pantanal, os pesquisadores analisaram a Classificação de Severidade Diária (CSD) cumulativa para o mês de junho de 2024. Essa CSD indica o quão difícil é controlar um incêndio uma vez que ele começa e é comumente utilizada para avaliar o cenário de queimadas em períodos mensais.
O cenário propício ao fogo é um fator crítico para incêndios florestais, embora mudanças no uso do solo e estratégias de gerenciamento de incêndios também contribuam para o risco futuro de queimadas.
O resultado da pesquisa mostrou que condições climáticas de incêndio semelhantes às de junho são 3 vezes mais impactantes do que teriam sido em um clima 1.2°C mais frio, ou seja, elas teriam sido cerca de 100 vezes mais raras se o clima não tivesse sido aquecido pelo ser humano.
Além disso, o aquecimento induzido pelo homem pela queima de combustíveis fósseis tornou o CSD de junho deste ano 40% mais impactante e de 4 a 5 vezes mais provável. A maioria das variáveis quebrou recordes em junho de 2024. Por exemplo, foi o mês de junho mais seco e mais quente, e apenas a umidade relativa do ar foi a segunda mais baixa já registrada.
Em resumo, a tendência é de que as temperaturas fiquem cada vez mais altas e a umidade relativa do ar seja cada vez mais baixa. E o aumento no CSD pode ser explicado pelo aumento das temperaturas, impulsionado pelas mudanças climáticas e pela diminuição das chuvas no Pantanal.
Referência da notícia:
World Weather Attribution. Hot, dry and windy conditions that drove devastating Pantanal wildfires 40% more intense due to climate change.