Conheça a ‘fábrica’ de hidrogênio verde construída em Minas Gerais

Em setembro deste ano foi inaugurado em Minas Gerais o Centro de Hidrogênio Verde, único no Brasil, que terá uma capacidade produtiva de 60Nm³/h de hidrogênio verde. As atividades de produção começaram em outubro.

Centro de Hidrogênio Verde
Centro de Hidrogênio Verde em Itajubá, Minas Gerais. Crédito: Divulgação GIZ.

A primeira e única unidade de produção de hidrogênio verde do Brasil foi inaugurada em 27 de setembro deste ano na cidade de Itajubá, no estado de Minas Gerais, e iniciou sua produção no dia 30 de outubro. O Centro de Hidrogênio Verde (CH2V) surgiu de uma parceria entre a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ), a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e o Ministério de Minas e Energia do Brasil, e irá testar a aplicação da molécula na indústria brasileira.

Detalhes do Centro de Hidrogênio Verde do Brasil

O CH2V foi construído com investimentos do governo alemão de cerca de 5 milhões de euros, com o objetivo de ampliar a aplicação dessa energia limpa. O Centro é composto por um prédio com área aproximada de 800 m², alimentado exclusivamente por painéis fotovoltaicos, e possui salas, equipamentos e laboratórios para desenvolver atividades e projetos de pesquisa.

Os experimentos para o uso de hidrogênio verde pretendem avaliar a viabilidade da aplicação do gás de baixa emissão em processos industriais, junto a empresas siderúrgicas de Minas Gerais, por exemplo.

O CH2V terá uma capacidade produtiva de 60Nm³/h de hidrogênio verde utilizando energia solar proveniente de três usinas próprias, além de uma estação de abastecimento de veículos que utilizará um dispositivo de eletrolisador de 300 kW, tanques de armazenamento, um ponto de abastecimento e uma célula de combustível, ambos situados no campus da UNIFEI.

O CH2V já produz, em escala não comercial, apenas para pesquisa, hidrogênio verde suficiente para abastecer até 20 carros por dia.

De acordo com Edson Bortoni, reitor da UNIFEI, a missão principal do CH2V é ajudar a indústria brasileira a atravessar a transição energética, por meio da substituição de combustíveis fósseis pelo hidrogênio. O governo brasileiro assumiu o compromisso de reduzir as emissões de carbono em até 67% em 2035.

A unidade do CH2V já produz, em escala não comercial, apenas para pesquisa, hidrogênio verde suficiente para abastecer até 20 carros por dia. Crédito: Cleber Gonçalves Junior/SECOM.

A UNIFEI, através da CH2V, entra na parceria com o fornecimento do hidrogênio verde e desenvolvimento de tecnologia, além da formação de recursos humanos e estabelecimento de start-ups para a utilização dessa fonte energética. Os caminhões, equipados com células a combustível que convertem hidrogênio para eletricidade, serão abastecidos no CH2V e realizarão, de forma experimental, a rota entre Itajubá e a capital São Paulo.

Mas o que é o hidrogênio verde?

Considerado por muitos como o 'combustível do futuro', o hidrogênio verde é um combustível renovável e limpo, produzido a partir de energias renováveis (solar, eólica) e que não emite gás carbônico durante a sua produção, sendo então uma alternativa para reduzir as emissões e cuidar do planeta.

produção de hidrogênio verde
Esquema demonstrando como o hidrogênio verde é produzido. Crédito: Neoenergia.

Ele é obtido por meio da eletrólise da água, um processo químico que separa o hidrogênio do oxigênio a partir de uma corrente elétrica. Por isso, se essa eletricidade for obtida de fontes renováveis, então será produzida energia sem emitir dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.

E onde ele poderá ser utilizado?

O hidrogênio verde pode ser utilizado diretamente como combustível para caminhões pesados, aviões, ônibus e embarcações. Também para a produção de metanol, matéria-prima de diversos produtos industriais que podem apoiar a redução das emissões do setor de transportes (especialmente marítimos).

Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), esta maneira de gerar hidrogênio verde pouparia os 830 milhões de toneladas anuais de CO2 que se originam quando este gás é produzido por combustíveis fósseis.

Outras possibilidades de uso é na produção de amônia (NH3), principal matéria-prima de fertilizantes nitrogenados, relevante para o setor agropecuário, e para a fabricação de “aço verde”.

Referências da notícia:

Estadão. “Como funciona ‘fábrica’ de hidrogênio verde construída com verba do governo alemão”. 2024.

Eixos. “Minas Gerais inaugura centro de hidrogênio verde com apoio de R$ 25 mi do governo alemão”. 2024.

Jornal Cana. “Centro de Hidrogênio Verde em Minas inicia produção”. 2024.