Conheça um lugar mágico: o santuário dos vaga-lumes no México
As formas de fazer turismo são variadas e dependem sempre do gosto de cada um, mas no México há uma forma diferente que realça em uma característica pouco comum.
No extremo Oeste do Estado de Tlaxcala (o mais pequeno dos 31 estados do México), a cerca de 60 km da Cidade do México, capital do país com o mesmo nome, está instalado o Parque Nacional de Iztaccíhuatl-Popocatépetl. É um nome quase impronunciável em português, mas é a casa de um santuário de vaga-lumes, familiarmente conhecidos como pirilampos.
Estes animais, que são bioluminescentes, têm um ciclo de vida curto se comparado com o do ser humano, já que vivem em média apenas 2 anos. Estes 24 meses são divididos em 4 grandes fases: embrião, larva, pupa e adulto. O fato de existirem reservas deste gênero faz com o México seja a 2ª nação no mundo que mais preserva os besouros, registando-se no seu território mais de 230 espécies.
A presença e a exuberância dos vaga-lumes, que se manifesta essencialmente entre junho e agosto, levou à criação desta área protegida, um santuário onde as 3 espécies são quase idolatradas. Desde meados do séc. XX que um grupo de 40 famílias idealizou a aquisição de uma área florestal que pudesse ser rentabilizada, mas apenas no início da década de 90 foi possível criar a Associação de Solidariedade Social “Piedra Canteada” que é responsável pela gestão de mais de 600 hectares de floresta, a floresta mágica que é santuário de vaga-lumes.
Diversificação das atividades econômicas
Em uma região onde a economia ainda assenta muito no setor primário, e em particular na agricultura e na silvicultura, a aposta na imagem de marca dos vaga-lumes associada ao ecoturismo tem sido um sucesso a vários níveis, para aquela comunidade. Desde 2011 que aquele parque recebe oficialmente visitas e segundo os dados estatísticos disponíveis, em 2012 recebeu aproximadamente 4.000 turistas, número que passou para os 116.000 em apenas 7 anos (2019). Atualmente o número de turistas já está quase ao nível pré-pandemia.
Como é sabido, a atividade turística tem sempre impactes indesejáveis no território. Apesar disto, quem gere o santuário afirma que há preocupações com a manutenção dos habitats destas espécies e que em caso algum é ultrapassado um limite de turistas que faça com que esta prática se torne insustentável. Para que o espetáculo dos vaga-lumes se perpetue é necessário controlar a evolução da expansão urbana que tem provocado desmatamento naquela região da América Central.
É, contudo, inegável que a atividade turística tem levado muitos benefícios económicos às populações daquela área do Estado de Tlaxcala. Em um fim de semana de julho de 2022, foram registadas receitas na ordem do meio milhão de euros, graças ao espetáculo proporcionado no parque, o que numa cidade com menos de 20 000 habitantes (Nanacamilpa), é bastante significativo.
É importante que o ser humano continue a apostar em uma boa relação com os ecossistemas: a sua exploração é possível desde que com regras e não apenas olhando para a vertente econômica.