Crise hídrica: China utiliza a semeadura de nuvens para encher Rio Yangtze
Ao ver um dos seus principais rios encolher devido ao tempo seco e quente, a China vem tentando semear as próprias nuvens de chuva com o intuito de encher o rio Yangtze.
Na busca de manter o nível propício para o abastecimento tranquilo de sua população, a China vem tentando semear as próprias nuvens de chuva para encher o rio Yangtze, um de seus principais corpos d'água. Com isso, aviões saindo de Hong Kong, estão disparando "sementes" para o céu com o intuito de trazer mais chuvas. O tempo seco e quente com a pior onda de calor já registrada na China vem secando cada vez mais o rio.
O clima vem se modificando com o passar do tempo em diversas regiões do Yangtze e, com isso, alguns programas de proteção e recuperação do rio foram lançados, no entanto, a fina cobertura de nuvens tem sido insuficiente em algumas partes da bacia do rio, que já se encontram devastadas pela seca.
O Ministério de Recursos Hídricos se pronunciou nesta última quarta-feira (17) e disse que a seca em toda a bacia do Yangtze estava afetando de forma negativa a segurança da água potável da população rural e do gado, além do desenvolvimento e crescimento das lavouras.
Como é feita a semeadura das nuvens de chuva
A província de Hubei, que fica localizada no centro da China, foi a última a anunciar que entrou para a semeadura de nuvens de chuva, e explicou como é feito: usando "sementes" de iodeto de prata para induzir as chuvas.
Tais sementes, que são tipicamente do tamanho de um cigarro ou de um giz, são lançadas em nuvens já existentes para ajudar a formar cristais de gelo. Os cristais então ajudam a nuvem a produzir mais chuva, tornando seu teor de umidade mais pesado e mais provável de ser liberado, ou seja, da chuva acontecer, de cair do céu.
Sabe-se que pelo menos 4,2 milhões de pessoas em Hubei foram afetadas por esta seca severa desde junho, segundo o Departamento Provincial de Gerenciamento de Emergências. Mais de 150 mil pessoas têm dificuldades de acesso à água potável e cerca de 400 mil hectares de plantações foram danificados por causa das altas temperaturas e da seca.
Inclusive, vale ressaltar que o Yangtze é apenas um dos muitos rios e lagos do Hemisfério Norte que estão secando e encolhendo em meio à intensa onda de calor. O lago Mead, nos EUA, e o rio Reno, na Alemanha também estão sofrendo tais consequências.
A China, por exemplo, está aplicando esses fundos e desenvolvendo novas fontes de suprimento para lidar com tais impactos nas plantações e na pecuária. Alguns animais foram transferidos temporariamente para outras regiões com maior disponibilidade hídrica, disse o Ministério das Finanças no início desta semana, acrescentando que emitiria 300 milhões de yuans (US$ 44,30 milhões).
Medidas que foram tomadas
Na tentativa de aumentar o abastecimento a jusante do rio, a Barragem das Três Gargantas, maior projeto hidrelétrico da China, também vai aumentar as descargas de água em 500 milhões de metros cúbicos nos próximos 10 dias, disse o Ministério de Recursos Hídricos na terça-feira (16).
O calor também tem afetado outras localidades da china, como a província de Sichuan, onde as autoridades ordenaram o fechamento de todas as fábricas por seis dias nesta semana para aliviar a falta de energia no local que abriga cerca de 84 milhões de pessoas e um importante centro de produção chinês.
Na segunda-feira (15), a onda de calor da China completou 64 dias, tornando-se a mais longa em mais de seis décadas, desde que os registros completos começaram em 1961. O Centro Nacional do Clima também disse que era a "mais forte" já registrada e alertou que poderia piorar nos próximos dias.
A China emitiu alerta vermelho em pelo menos 138 cidades e condados em todo o país na quarta-feira (17), e outros 373 foram colocados sob o segundo maior alerta laranja, informou a Administração Meteorológica.
O que tem provocado e mantido esta onda de onda de calor, é um "caso especial" de alta pressão atmosférica subtropical do Pacífico Ocidental, que se estende por grande parte da Ásia, disse Cai Wenju, pesquisador climático do CSIRO, instituto nacional de pesquisa científica da Austrália.