Crise do chocolate: perdas para alguns e oportunidades para outros produtores de cacau no mundo
Atenção! Se você é uma pessoa que gosta deste produto, é muito importante que leia as seguintes novidades, pois seu bolso pode ser prejudicado na próxima compra.
Há décadas desfrutamos dos prazeres que o chocolate proporciona a um preço baixo. Isto porque milhões de produtores da África Ocidental viam o cacau como a única forma de escapar da pobreza extrema.
Prevê-se que, pela terceira temporada de colheita consecutiva, o consumo global 2023-2024 exceda significativamente a produção, uma situação que nem sequer era imaginada no início da década de 1960.
Origem da atual crise do cacau e principais produtores do mundo
No final de 2023, o cacau era apenas uma das quatro principais commodities que ainda eram negociadas abaixo de seus picos mais elevados estabelecidos na década de 1970.
No entanto, o recorde caiu este mês, quando o custo do cacau subiu em Nova Iorque para mais de 5.000 dólares por tonelada. A indústria está cheia de incertezas, pois as previsões indicam que os preços dobrariam para 10 mil dólares por tonelada.
Embora a situação atual possa levar a uma ruptura dos preços e a uma eventual redução da oferta, a causa da crise tem origem no início da cadeia: a África Ocidental.
"Usaremos todas as ferramentas, incluindo preços, como forma de administrar o negócio" - disse Michele Buck, CEO da Hershey's Co., em 8 de fevereiro, dia em que os preços do cacau ultrapassaram o recorde anterior.
Os quatro países que produzem quase 75% do cacau mundial são: Nigéria, Camarões, Gana e Costa do Marfim. Este último produz 2 milhões de toneladas por ano, em comparação com o consumo mundial, que é de 5 milhões de toneladas anuais.
Cacaueiros mais velhos trazem consequências econômicas para agricultores
As últimas plantações de cacaueiros na África Ocidental foram feitas no início dos anos 2000, especialmente no noroeste da Costa do Marfim. Portanto, essas árvores têm quase 25 anos.
Neste sentido, os mercados locais da Costa do Marfim e do Gana são estreitamente controlados pelos seus governos, que estabelecem os preços oficiais.
Como consequência desta situação, para a colheita 2023-2024, os produtores da Costa do Marfim recebem 1,63 dólares americanos por grama, ou seja, 70% abaixo do preço de atacado atual. O resultado é uma lacuna brutal entre a oferta e a procura em números históricos.
Por outro lado, nos últimos 30 anos, a procura de cacau duplicou e os preços mais elevados deverão travar esta tendência. No entanto, o consumo global por pessoa permanece baixo, o que permite a criação de novos mercados para expansão.
Os preços atuais não são um problema mundial, para alguns é uma oportunidade
Os produtores fora da África Ocidental, com grãos de cacau para vender e por um preço de mercado prevalecente, estão disfrutando de lucros inesperados.
Este tipo de crise é necessária para incentivar a replantação de milhões de cacaueiros antigos e cuidar melhor dos atuais. Nos próximos anos o mercado poderá se equilibrar, mas é preciso preparação para preços mais altos, ainda mais para quem gosta constantemente de chocolate.
Referência da notícia:
Bloomberg. "The Meltdown in Chocolate Is Coming", 2024.