Degelo nos Himalaias a um ritmo excepcional
De acordo com novas pesquisas, o degelo acelerado dos glaciares dos Himalaias ameaça o abastecimento de água de milhões de pessoas na Ásia. Saiba mais aqui!
Um estudo realizado pela Universidade de Leeds, na Inglaterra, concluiu que os mantos de gelo dos Himalaias perderam dez vezes mais gelo nas últimas décadas, em relação à média, desde a última grande expansão glaciar há 400-700 anos, período conhecido como Pequena Idade do Gelo.
O estudo revela também que os glaciares dos Himalaias estão diminuindo de forma mais rápida do que os glaciares de outras partes do mundo, a uma taxa que os pesquisadores descrevem como "excepcional".
O artigo, publicado na Scientific Reports, fez uma reconstrução do tamanho e das superfícies de gelo de 14.798 glaciares dos Himalaias, durante a Pequena Idade do Gelo. Segundo os resultados, os glaciares perderam cerca de 40% da sua área, diminuindo de 28.000 km2 para cerca de 19.600 km2, até os dias de hoje.
Durante esse período, eles também perderam entre 390 km3 e 586 km3 de gelo, o equivalente a todo o gelo contido hoje nos Alpes da Europa Central, no Cáucaso e na Escandinávia. A água liberada devido a esse degelo provocou a subida do nível da água do mar em todo o mundo, entre 0,92 mm e 1,38 mm.
A Cordilheira dos Himalaias
A Cordilheira dos Himalaias abriga a terceira maior quantidade de gelo glaciar do mundo, depois da Antártica e do Ártico, e é frequentemente chamada de "Terceiro Pólo". A aceleração do degelo nos Himalaias tem implicações significativas para centenas de milhões de pessoas que dependem dos principais sistemas fluviais da Ásia para obter alimentos e energia. Esses rios incluem Brahmaputra, Ganges e Indus.
A equipe utilizou imagens de satélite e modelos digitais de elevação para reproduzir os contornos da extensão das geleiras de 400-700 anos atrás e para reconstruir a superfície do gelo. As imagens de satélite revelaram 'cristas' que demarcam os limites do antigo glaciar, estimam a sua extensão e a elevação da superfície do gelo. Comparou-se a reconstrução deste glaciar antigo com o atual, sendo possível determinar o volume e, portanto, a perda de massa entre a Pequena Idade do Gelo e a atualidade.
Os glaciares dos Himalaias estão perdendo massa mais rápido nas regiões orientais: no leste do Nepal e no Butão, ao norte da divisão principal. O estudo sugere que, provavelmente, essa variação é devido às diferenças das características geográficas nos dois lados da Cordilheira, e à sua interação com a atmosfera, resultando em padrões climáticos distintos.
Segundo o Dr. Carrivick, são necessárias ações urgentes para reduzir e mitigar o impacto das mudanças climáticas sobre os glaciares e rios alimentados com a água derretida. Contudo, a modelagem dos impactos sobre os mantos de gelo também deve levar em conta o papel de fatores como lagos e escombros.
As pessoas na região já estão notando mudanças além de qualquer outra coisa já testemunhada a séculos. Esta pesquisa é apenas uma confirmação de que as mudanças estão aceleradas e terão um impacto significativo nas populações e regiões inteiras.