Desmatamento na Amazônia brasileira cai 7%, mas degradação florestal aumenta 497% em 2024

Apesar da queda, queimadas e seca na região elevaram a degradação florestal em 497% no mesmo período. Confira os dados do Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD).

Sistema de alerta mostra área desmatada em Mato Grosso
Sistema de alerta mostra área desmatada no estado do Mato Grosso em maio de 2024. Crédito: SAD/Imazon

Pelo segundo ano consecutivo, a Amazônia registra queda na taxa de desmatamento. Entre janeiro e dezembro de 2024, 3.739 km² de floresta amazônica foram desmatados, o que representa uma redução de 7% em relação ao ano anterior, 2023, cujo índice foi de 4.030 km² de mata derrubada e removida.

De acordo com o Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), esses números estabelecem as menores marcas de devastação no bioma depois de uma escalada vertiginosa nos últimos cinco anos (2018 a 2022).

O SAD é uma ferramenta do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), centro de referência em pesquisas socioambientais na região. Desde 2008, o sistema realiza o monitoramento periódico da floresta amazônica por imagens de satélite.

O Imazon aponta que, embora a notícia de redução do desmatamento seja animadora, a escala da perda de floresta que a Amazônia teve em 2024 ainda equivale a mais de mil campos de futebol por dia.

Estado-sede da COP 30, Pará lidera desmatamento na Amazônia

Além de fornecer um cenário abrangente da região, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) divulga regularmente as taxas de desmatamento por estado da Amazônia. Nesse quesito, o Pará está no topo do ranking de estados que mais desmataram o bioma em 2024, com 1.260 km² de floresta devastada.

No estado paraense está também a Unidade de Conservação (UC) e a Terra Indígena mais afetadas pelo desmatamento no ano passado.

“O território originário Cachoeira Seca, localizado nos municípios de Altamira, Placas e Uruará, perdeu 14 km² de floresta em 2024, o que equivale a 1,4 mil campos de futebol. Essa área foi 56% maior do que a derrubada em 2023 na terra indígena, de 9 km²”, informa o Imazon. “Já entre as unidades de conservação, a mais destruída na Amazônia no ano passado foi a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, localizada nos municípios de Altamira e São Félix do Xingu, com 51 km² desmatados”.

Segundo os dados do SAD, essa é a nona vez consecutiva que o Pará lidera o desmatamento na Amazônia, posto que ocupa desde 2016. Um título preocupante para o estado que, em novembro de 2025, vai receber o maior evento climático do mundo, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 30.

Impulsionada por seca e queimadas, degradação florestal cresce na Amazônia

Imagem de satélite de área degradada na Amazônia
Imagem de satélite de área degradada na Amazônia em 2024. Crédito: SAD/Imazon

Enquanto o desmatamento caiu, a degradação florestal na Amazônia, que é originada pelo fogo e pela extração de madeira, teve um crescimento de 479% no ano passado. Um total de 36.379 km² de mata degradada no ano passado versus 6.092 km² em 2023.

Trata-se da maior taxa de degradação da floresta amazônica registrada nos últimos 15 anos de monitoramento. O aumento nas queimadas no território, sobretudo nos meses de agosto e setembro, teve uma grande influência na elevação desse índice. Apenas nesses dois meses, a degradação aumentou 1.000%, conforme o levantamento do Imazon.

Os especialistas apontam ainda que os últimos anos, 2023 e 2024, foram marcados por secas extremas ao longo do bioma, com reduções históricas dos níveis do rios da região, o que favorece um cenário de queimadas.

“Foram dois anos consecutivos de seca extrema na Amazônia, o que levou inclusive à ocorrência de queimadas em áreas úmidas da região. Esperamos que esse padrão não se torne o novo normal. As emissões de carbono da degradação florestal associada às queimadas de 2024 superaram as emissões do desmatamento”, alerta Carlos Souza, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon.

Inverno amazônico deve ser de planejamento e prevenção contra novas queimadas e desmatamento

O cientista recomenda que a temporada de chuvas mais intensas e frequentes que inaugura o ano em grande parte do território, conhecida como “inverno amazônico”, seja de planejamento e adoção de medidas para coibir o desmatamento em 2025.

“Neste início de 2025, indicamos que os gestores aproveitem a época de chuvas, chamada de ‘inverno amazônico’, para organizar o fortalecimento das ações de proteção da Amazônia, já que a tendência é que o desmatamento retorne assim que as chuvas reduzam. Além de medidas de fiscalização e de punição aos desmatadores ilegais, é essencial destinar as terras públicas que ainda não possuem um uso definido para a conservação, medida de combate à grilagem”, afirma.

Referências da notícia

Imazon. Amazônia fecha 2024 com queda de 7% no desmatamento, mas alta de 497% na degradação. 2025

Imazon. Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD). 2025