Desmatamento na Amazônia cresce pelo 5º mês seguido, com o Pará liderando o ranking de degradação

As queimadas intensificaram a degradação na Amazônia, alcançando uma média de 10 mil campos de futebol devastados por dia entre janeiro e outubro, o pior índice em 15 anos.

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O fogo intensificou a degradação, alcançando uma média de 10 mil campos de futebol devastados por dia entre janeiro e outubro, o pior índice em 15 anos. Foto: André Dib

A Amazônia registrou, em outubro, o quinto mês consecutivo de crescimento tanto no desmatamento, que é a remoção total da vegetação, quanto na degradação florestal, causada pelo fogo ou pela exploração madeireira. Em função das queimadas, a degradação teve um aumento significativo, alcançando uma média de 10 mil campos de futebol destruídos por dia entre janeiro e outubro, o pior cenário dos últimos 15 anos. As informações são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), desenvolvido pelo instituto de pesquisa Imazon.

De acordo com o monitoramento por satélites, somente em outubro a Amazônia teve 6.623 km² de área degradada.

O valor equivale a quatro vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Esse valor também foi quatro vezes superior ao registrado em outubro de 2023, quando a degradação atingiu 1.554 km² de floresta.

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Séria histórica da degradação da Amazônia no mês de outubro, desde de 2009. Fonte: SAD.

Assim como o desmatamento, a degradação florestal libera gases de efeito estufa que intensificam os impactos das mudanças climáticas, como as secas severas observadas na Amazônia. Para alcançar os objetivos climáticos estabelecidos na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira, apresentada na COP 29 no Azerbaijão, que prevê a redução de 59% a 67% nas emissões até 2035, é essencial implementar ações mais eficazes no combate a esses danos ambientais.

O estado do Pará lidera o ranking de degradação

Em outubro, o estado com a maior área de floresta degradada foi o Pará, totalizando 2.854 km², o que corresponde a 43% da área total registrada na Amazônia. Mato Grosso ficou em segundo lugar, com 2.241 km² de áreas afetadas, representando 34% do total. Já o Amazonas ocupou a terceira posição, com 1.082 km² degradados, equivalente a 16% do que foi detectado na região. Veja o ranking da degradação dos estados da Amazônia:

  • Pará: 2.854 km²
  • Mato Grosso: 2.241 km²
  • Amazonas: 1.082 km²
  • Rondônia: 218 km²
  • Tocantins: 102 km²
  • Acre: 86 km²
  • Maranhão: 40 km²

Os únicos estados da Amazônia que não registraram qualquer área degradada em outubro foram Amapá e Roraima. O Pará também concentrou seis municípios no ranking dos que mais degradaram, atingindo 2.390 km². Outros três, que totalizam 773 km², estão no Mato Grosso.

Em relação aos municípios, São Félix do Xingu, no Pará, liderou o ranking de degradação florestal em outubro, com 1.023 km² de área degradada. Em seguida, Altamira, também no Pará, ficou em segundo lugar, registrando 477 km² de destruição ambiental.

Afinal, o que é o SAD?

O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) é uma ferramenta de monitoramento da Amazônia Legal, criada pelo Imazon em 2008, que utiliza imagens de satélite para acompanhar e reportar mensalmente o ritmo do desmatamento e da degradação florestal na região.

Existe uma diferença entre os termos desmatamento e degradação! O sistema identifica a degradação florestal quando há danos nas áreas devido à exploração madeireira ou ao uso do fogo. Por outro lado, o desmatamento é reconhecido quando ocorre o corte total da vegetação, geralmente vinculado à conversão do terreno para pecuária, agricultura ou mineração.

Para isso, o SAD utiliza os satélites Landsat 7 e 8, da NASA, e Sentinel 1A, 1B, 2A E 2B, da Agência Espacial Europeia(ESA). Ambos são de domínio público, ou seja: seus dados podem ser usados por qualquer pessoa ou instituição.