Desmatamento no Cerrado registra redução pela primeira vez nos últimos 5 anos, segundo INPE
Taxa de desmatamento do bioma Cerrado apresentou redução depois de 5 anos, o que evitou a emissão de 41,8 milhões de toneladas de CO2.
Segundo estimativas do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Cerrado registrou 8.174 km² de desmatamento, o menor desde 2017, entre agosto de 2023 e julho de 2024. Esse número representa uma redução de 25,7%% em relação ao período anterior, a maior queda percentual dos últimos 15 anos.
As informações foram divulgadas na quarta-feira (6/11) em um evento no Palácio do Planalto, onde também foi firmado o pacto para a prevenção e o controle do desmatamento e das queimadas no Cerrado, em parceria com os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (Matopiba). A meta do governo federal é alcançar o desmatamento zero em todos os biomas do país até 2030.
Cerca de 76% desse desmatamento segue concentrado em quatro estados: Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, estados que formam o a região da Matopiba, principal fronteira agropecuária do Cerrado na atualidade. Nesses estados, contudo, o Prodes registrou uma redução significativa no desmatamento ao comparar 2023/2024 com o período anterior. Na Bahia, por exemplo, a queda foi de 63,3%, seguida por 15,1% no Maranhão, 10,1% no Piauí e 9,6% no Tocantins.
Embora a tendência de redução tenha sido confirmada pelo Prodes, os índices de destruição ainda se mantêm em níveis altos em comparação com a série histórica. Grande parte do desmatamento no Cerrado ocorre em áreas privadas, destacando a urgente necessidade de um maior envolvimento do setor produtivo.
De janeiro de 2023 a outubro de 2024, a média de multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por desmatamento e queimadas ilegais foi 20% maior que a registrada de janeiro de 2019 a dezembro de 2022.
Diferença entre o Prodes e o Deter
Criados em períodos distintos, o Prodes e o Deter são sistemas do INPE destinados ao monitoramento e controle do desmatamento, da degradação, das queimadas e de outros impactos sobre a floresta tropical e demais biomas. Seus desenvolvimentos e aplicações específicas estão ligados à trajetória e às políticas nacionais de exploração econômica e de preservação ambiental no Brasil.
O Prodes usa imagens de satélites mais precisas (de 10 a 30 metros) do que as usadas em outro sistema do INPE, o Deter. O sistema Prodes está em operação desde 1988, com periodicidade anual e capacidade de detectar corte raso e desmatamento por degradação progressiva, como, por exemplo, incêndios florestais em todos os biomas do Brasil.
Por sua vez, o Deter possui dados desde 2004, emitindo alertas diários para apoio à fiscalização, com capacidade de detectar incêndios e desmatamento apenas nos biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal, que correspondem a ¾ do território nacional. É utilizado os satélites CBERS e Amazônia com resolução espacial de 60 metros para apoiar a fiscalização em campo realizada por Ibama e ICMBio.