Detectado eco emitido por um buraco negro no centro da Via Láctea. Ouça aqui!
Estudo recente realizado uma equipe de cientistas conseguiu registrar o eco emitido por um buraco negro no centro da Via Láctea há cerca de 200 anos atrás, ou 30 mil anos-luz da Terra. Ouça aqui!
Um grupo de cientistas conseguiu capturar o som emitido por um buraco negro no centro da Via Láctea há 30 mil anos-luz da Terra. A descoberta, publicada recentemente na revista Nature, foi liderada pelo cientista Frédéric Marin, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS) no Observatório de Estrasburgo.
O buraco negro em questão é o Sagitário A* (Sgr A*), descoberto em 1974 pelos astrônomos Bruce Balick e Robert Brown, por meio de uma fonte de rádio brilhante e muito compacta localizada no centro da Via Láctea, perto da fronteira das constelações de Sagitário e Escorpião. Ele é 4 milhões de vezes mais massivo que o Sol, e está a uma distância de cerca de 26 mil anos-luz da nossa estrela.
Acontece que o ruído desse gigante supermassivo veio de um longo período de dormência, há 200 anos atrás, após uma explosão. Mas à época, não existiam equipamentos capazes de captar os sons.
Sobre o eco emitido
No início do século 19, o Sgr A* “acordou” do período de dormência (conhecido como quiescência) em que se encontrava e “engoliu” os objetos cósmicos que estavam próximos dele, isso por durante um ano. Foi então quando ele emitiu o ruído, após “devorar” gás e poeira. Depois disso, ele “adormeceu” novamente. Os cientistas conseguiram identificar o som emitido através do telescópio Imaging X-Ray Polarimetry Explorer (IXPE) da NASA.
Este equipamento foi capaz de rastrear com grande precisão a polarização da luz de raios-X e também sua fonte - algo antes considerado impossível. Atuando como se fosse uma “bússola”, a luz polarizada aponta diretamente para o Sgr A*.
Essa descoberta explica por que as nuvens moleculares galácticas perto do Sgr A* estão brilhando mais do que o normal: é porque elas estão refletindo os raios-X emitidos por ele há 200 anos. Segundo o estudo, o Sgr A* emitiu o eco de raios-X com uma intensidade que era pelo menos 1 milhão de vezes maior do que a emitida atualmente por ele.
“A reflexão de raios-X do Sgr A* por gás denso na região do Centro Galáctico oferece um meio de estudar sua atividade de queima passada em escalas de tempo de centenas e milhares de anos”, explicaram os cientistas.
Ouça no vídeo abaixo o som que foi emitido pelo Sgr A*:
Agora, os cientistas pretendem seguir estudando sobre esse buraco negro, para investigar os mecanismos físicos necessários para qualquer outro fenômeno desse tipo passar de um estado de “dormência” para um estado ativo.