O Dia Internacional Contra Testes Nucleares é celebrado nesta terça-feira, 29 de agosto

O Dia Internacional contra os Testes Nucleares foi aprovado pela Organização das Nações Unidas, e é celebrado anualmente em 29 de agosto, dia que marca o encerramento do maior campo de testes nucleares da história.

explosão de bomba em um teste nuclear na Polinésia
Explosão de um teste nuclear realizado em uma ilha na Polinésia Francesa, em 1971. Crédito: Comprehensive Nuclear-Test-Ban Treaty Organization (CTBTO).

Desde o ano de 1945, mais de 2.000 testes de armas nucleares foram realizados no mundo, ameaçando a vida e saúde de pessoas, envenenando o ar que respiramos e devastando paisagens ao redor do planeta.

O Dia Internacional contra Testes Nucleares foi adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em dezembro de 2009, marcando o encerramento, em 1991, do maior campo de testes nucleares, no Cazaquistão. O objetivo é conscientizar as pessoas sobre a necessidade de lutar pelo avanço contra o desarmamento nuclear.

Como surgiu a data

O Dia Internacional contra testes nucleares foi aprovado por unanimidade pela Assembleia Geral da ONU em 2 de dezembro de 2009 e assinado na Resolução 64/35. O texto foi iniciado pelo Cazaquistão, juntamente com um grande número de países participantes, e visava celebrar o dia do fechamento do local de testes nucleares em Semipalatinsk, nordeste do país.

A data foi celebrada pela primeira vez em 2010 e a cada ano reforça o quão ameaçadores são os testes nucleares. A resolução pede pela conscientização e educação “sobre os efeitos das explosões de testes de armas nucleares ou quaisquer outras explosões nucleares e a necessidade de sua cessação como um dos meios de alcançar o objetivo de um mundo livre de armas nucleares”.

Semipalatinsk, no Cazaquistão, conhecido popularmente como ‘O Polígono’, foi o maior campo de testes nucleares da história, sendo utilizado pela União Soviética, e deixou muitas sequelas para a população.

Contudo, o principal mecanismo para erradicar os testes nucleares é o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT, em inglês). Ele foi adotado pela Assembleia Geral da ONU em 1996, e até o momento, 186 países assinaram e 178 ratificaram. No entanto, o acordo ainda não entrou em vigor, pois ele precisa ser confirmado por 44 países detentores de tecnologia nuclear específica, como a China, Estados Unidos e Coreia do Norte.

António Guterres, secretário-geral da ONU, disse em carta que “Uma proibição juridicamente vinculativa dos testes nucleares é um passo fundamental na nossa busca por um mundo livre de armas nucleares. O Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares, embora ainda não esteja em vigor, permanece como um poderoso testemunho da vontade da humanidade de afastar de uma vez por todas a sombra da aniquilação nuclear do nosso mundo”.

cratera em Semipalatinsk
Vista aérea de crateras em Semipalatinsk, onde hoje é o Cazaquistão, que se formaram devido à explosões de bombas nucleares. Crédito: BBC Mundo.

Desde a primeira comemoração da data (em 2010), houve uma série de discussões e iniciativas relevantes para as suas metas, bem como conferências para elaborar e fazer avançar estes objetivos. Neste ano de 2023, foi realizada em Viena a primeira sessão do Comitê Preparatório para a 11ª Conferência de Exame do Tratado de Não Proliferação Nuclear-TNP (2026).

Os testes nucleares em Semipalatinsk

Semipalatinsk, também conhecido como “Polígono”, foi o maior campo de testes nucleares da história, com 18 mil quilômetros quadrados. Era usado pela União Soviética (URSS) durante a Guerra Fria, mais precisamente entre 1949 e 1989. Lá, quase 500 bombas nucleares foram explodidas ao longo das quatro décadas. O embaixador do Cazaquistão na ONU, Magzhan Ilyassov, disse que o impacto total das explosões realizadas foi “1.200 vezes maior” do que a bomba atômica lançada em Hiroshima, no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial.

crateras em Semipalatinsk
Cratera existente como resultado da detonação de uma bomba nuclear em Semipalatinsk. Crédito: Comprehensive Nuclear-Test-Ban Treaty Organization (CTBTO).

Guterres lembrou que os testes nucleares causaram um grande sofrimento humano e danos ambientais. “Eles tiveram consequências terríveis para a saúde das pessoas que vivem nas áreas afetadas. Muitos foram realocados de suas terras (...) Ambientes e ecossistemas primitivos foram destruídos, o que levará décadas, senão séculos, para curar”, disse ele. Cerca de 1,5 milhão de pessoas ainda sofrem com doenças genéticas, câncer e leucemia, devido à exposição aos testes nucleares.

No final da década de 80, surgiu o Movimento Antinuclear Nevada-Semipalatinsk, que pedia o fim dos testes na região. Com a repercussão que teve, a URSS cancelou alguns dos testes programados para 1990. O Cazaquistão declarou sua independência em dezembro de 1990 e renunciou voluntariamente ao arsenal nuclear herdado após o colapso da URSS.