O Dia Internacional Contra Testes Nucleares é celebrado nesta terça-feira, 29 de agosto
O Dia Internacional contra os Testes Nucleares foi aprovado pela Organização das Nações Unidas, e é celebrado anualmente em 29 de agosto, dia que marca o encerramento do maior campo de testes nucleares da história.
Desde o ano de 1945, mais de 2.000 testes de armas nucleares foram realizados no mundo, ameaçando a vida e saúde de pessoas, envenenando o ar que respiramos e devastando paisagens ao redor do planeta.
O Dia Internacional contra Testes Nucleares foi adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em dezembro de 2009, marcando o encerramento, em 1991, do maior campo de testes nucleares, no Cazaquistão. O objetivo é conscientizar as pessoas sobre a necessidade de lutar pelo avanço contra o desarmamento nuclear.
Como surgiu a data
O Dia Internacional contra testes nucleares foi aprovado por unanimidade pela Assembleia Geral da ONU em 2 de dezembro de 2009 e assinado na Resolução 64/35. O texto foi iniciado pelo Cazaquistão, juntamente com um grande número de países participantes, e visava celebrar o dia do fechamento do local de testes nucleares em Semipalatinsk, nordeste do país.
A data foi celebrada pela primeira vez em 2010 e a cada ano reforça o quão ameaçadores são os testes nucleares. A resolução pede pela conscientização e educação “sobre os efeitos das explosões de testes de armas nucleares ou quaisquer outras explosões nucleares e a necessidade de sua cessação como um dos meios de alcançar o objetivo de um mundo livre de armas nucleares”.
Contudo, o principal mecanismo para erradicar os testes nucleares é o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT, em inglês). Ele foi adotado pela Assembleia Geral da ONU em 1996, e até o momento, 186 países assinaram e 178 ratificaram. No entanto, o acordo ainda não entrou em vigor, pois ele precisa ser confirmado por 44 países detentores de tecnologia nuclear específica, como a China, Estados Unidos e Coreia do Norte.
António Guterres, secretário-geral da ONU, disse em carta que “Uma proibição juridicamente vinculativa dos testes nucleares é um passo fundamental na nossa busca por um mundo livre de armas nucleares. O Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares, embora ainda não esteja em vigor, permanece como um poderoso testemunho da vontade da humanidade de afastar de uma vez por todas a sombra da aniquilação nuclear do nosso mundo”.
Desde a primeira comemoração da data (em 2010), houve uma série de discussões e iniciativas relevantes para as suas metas, bem como conferências para elaborar e fazer avançar estes objetivos. Neste ano de 2023, foi realizada em Viena a primeira sessão do Comitê Preparatório para a 11ª Conferência de Exame do Tratado de Não Proliferação Nuclear-TNP (2026).
Os testes nucleares em Semipalatinsk
Semipalatinsk, também conhecido como “Polígono”, foi o maior campo de testes nucleares da história, com 18 mil quilômetros quadrados. Era usado pela União Soviética (URSS) durante a Guerra Fria, mais precisamente entre 1949 e 1989. Lá, quase 500 bombas nucleares foram explodidas ao longo das quatro décadas. O embaixador do Cazaquistão na ONU, Magzhan Ilyassov, disse que o impacto total das explosões realizadas foi “1.200 vezes maior” do que a bomba atômica lançada em Hiroshima, no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial.
Guterres lembrou que os testes nucleares causaram um grande sofrimento humano e danos ambientais. “Eles tiveram consequências terríveis para a saúde das pessoas que vivem nas áreas afetadas. Muitos foram realocados de suas terras (...) Ambientes e ecossistemas primitivos foram destruídos, o que levará décadas, senão séculos, para curar”, disse ele. Cerca de 1,5 milhão de pessoas ainda sofrem com doenças genéticas, câncer e leucemia, devido à exposição aos testes nucleares.
No final da década de 80, surgiu o Movimento Antinuclear Nevada-Semipalatinsk, que pedia o fim dos testes na região. Com a repercussão que teve, a URSS cancelou alguns dos testes programados para 1990. O Cazaquistão declarou sua independência em dezembro de 1990 e renunciou voluntariamente ao arsenal nuclear herdado após o colapso da URSS.