Diaphorina citri em alta: o risco invisível que pode destruir a citricultura no Brasil na mudança de estação

O psilídeo Diaphorina citri, vetor do greening, se prolifera com o clima favorável no fim do inverno e início da primavera, ameaçando a citricultura brasileira. Monitoramento e manejo eficaz são essenciais para evitar grandes perdas nos pomares.

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Psílídeo asiático dos citros, Diaphorina citri (Hemiptera: Liviidae).

A Diaphorina citri, também conhecida como psilídeo asiático dos citros, é um pequeno inseto de 2 a 3 milímetros que representa uma grande ameaça para a citricultura brasileira. Esse inseto é o principal vetor da bactéria Candidatus Liberibacter spp., causadora do greening (huanglongbing/HLB), a mais devastadora doença da citricultura atual.

Com a chegada do final do inverno e o início da primavera, há uma tendência preocupante de aumento na população desse inseto, o que torna este período crítico para os citricultores.

Clima favorável e ciclo de vida do psilídeo

O inverno rigoroso, como o previsto para o Sul e Sudeste do Brasil, seguido de uma primavera mais amena e com alta umidade, cria as condições ideais para a proliferação da Diaphorina citri. Além disso, as previsões indicam que o clima de agosto, com temperaturas mais altas e maior umidade, favorece ainda mais o desenvolvimento de pragas agrícolas, incluindo o psilídeo, nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul do país.

Esses insetos se concentram principalmente nas brotações das plantas, mas também podem ser encontrados nas folhas maduras, principalmente na face inferior. Embora o dano direto causado pela sucção de seiva não seja significativo, o maior perigo está na transmissão da bactéria do greening.

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Psilídeo cítrico asiático (Diaphorina citri) em plantas de laranja.

Quando os psilídeos se alimentam de plantas doentes, eles adquirem a bactéria e se tornam agentes eficazes na disseminação da doença para plantas sadias. É alarmante o fato de que psilídeos que se desenvolvem em plantas já infectadas têm maior eficiência na transmissão do greening, tornando o controle dessa praga uma prioridade absoluta durante esta época do ano.

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Pomar de laranjeiras cítricas fortemente infectado com huanglongbing

A campanha “É hora da batalha!”, lançada recentemente pelo Fundecitrus, destaca a urgência de um manejo eficaz para o controle da Diaphorina citri durante os meses de agosto, setembro e outubro, quando ocorre a maior captura desses insetos em armadilhas.

Em 2023, 59% do total de psilídeos capturados foram registrados nesses três meses, reforçando a necessidade de atenção redobrada dos citricultores.O monitoramento constante das armadilhas, aliado à pulverização adequada, são medidas essenciais para reduzir os impactos desse inseto.

Risco para a proliferação do psilídeo Diaphorina citri

O mapa de risco para a proliferação do psilídeo Diaphorina citri, vetor do greening, nas principais regiões citrícolas do Sudeste brasileiro, com destaque para os estados de São Paulo e Paraná.

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Risco da região em relação ao histórico. Fonte: Fundecitrus

Risco Extremo (marrom escuro): As áreas em marrom escuro representam as regiões com o mais alto risco de infestação, concentradas principalmente nas cidades de Ribeirão Preto, São Carlos, e arredores. Esses locais exigem atenção máxima dos citricultores, com monitoramento constante e manejo intensivo para evitar a propagação da praga.

Risco Alto (laranja): Regiões como Campinas, no estado de São Paulo, e áreas próximas a Maringá, no Paraná, estão classificadas como de risco alto. Nessas áreas, embora o risco não seja tão crítico quanto nas zonas de risco extremo, é necessário um controle rigoroso para evitar que a situação se agrave.

Risco Médio (amarelo): Cidades como Londrina, no Paraná, apresentam um risco médio. Nestes locais, o monitoramento deve ser frequente, e o manejo do psilídeo deve ser ajustado conforme as condições locais para prevenir a escalada para níveis de risco mais altos.

Risco Baixo (verde): Algumas áreas do oeste do Paraná, incluindo cidades próximas a Cascavel e Guarapuava, estão em uma zona de risco baixo. Apesar do menor risco, é importante manter medidas preventivas para evitar surpresas, especialmente considerando as condições climáticas favoráveis à proliferação do psilídeo.

A qualidade do manejo implementado agora é crucial para determinar os resultados nos meses seguintes, tanto em termos de controle do inseto quanto na prevenção da disseminação do greening.