Dois tornados extremos devastam cidades na África do Sul, deixando ao menos 11 mortos e 1.000 desabrigados

Dois tornados intensos foram responsáveis por pelo menos 11 mortes na África do Sul esta semana. Conforme relata a CNN, além das vítimas, cerca de 50 pessoas ficaram feridas. Os tornados se desenvolveram na última segunda-feira (3) e atingiram parte da província costeira de KwaZulu, no leste do país.

As tempestades devastadoras causaram grandes danos, especialmente na cidade de Tongaat, no norte da província de KwaZulu. As imagens tiradas do local mostram bairros arrasados com sérios danos e destroços de várias casas destruídas. “Os danos são enormes”, disse Nomusa Dube-Ncube, Primeiro Ministro de KwaZulu. Também foi informado que o número de vítimas é preliminar e pode aumentar, tanto por pessoas desaparecidas como por feridos muito graves hospitalizados.

O South African Weather Service confirmou que ocorreram pelo menos dois tornados na tarde de segunda-feira, 3 de junho. Em um comunicado oficial foi indicado que a situação que gerou estes eventos era um sistema de baixa pressão segregado em níveis médios, que interagia com o ar mais quente da superfície, enquanto uma crista de ar mais seco se aproximava do interior sul-africano.

Destruição total

As autoridades também indicaram que a magnitude dos danos foi tanta que pelo menos 1.000 pessoas ficaram deslocadas e muitas delas perderam tudo.

O primeiro tornado ocorreu entre Newcastle e Utrecht, no interior ocidental da província de KwaZulu. Logo, um segundo tornado maior se desenvolveu em torno da cidade de Tongaat, de cerca de 45.000 habitantes. Este tornado moveu-se para o leste, em direção à costa próximo de Westbrook e Ballito, onde causou mais destruição.

Devido à magnitude da destruição, tanto os governos estaduais como o nacional estão trabalhando em conjunto para construir abrigos temporários. Serviços como eletricidade e acesso à água estão gravemente comprometidos. Embora os tornados ocorram na África do Sul, eles não são um fenômeno frequente, e mesmo que a província de KwaZulu tenha um histórico de condições extremas que causaram muitos danos no passado.

Vale destacar que em 2022, mais de 3.000 pessoas morreram em consequência de chuvas muito intensas que provocaram inundações, que na época foram descritas como uma das piores tempestades que já atingiram o país. O leste do país reúne as condições para este tipo de desenvolvimento, uma vez que o ar mais seco vindo do oeste tem a capacidade, em algumas situações, de se infiltrar por baixo do ar mais quente e úmido de origem marítima.

Estatísticas sobre tornados na África do Sul

As imagens que acompanham este artigo, e outras tiradas na região, podem demonstrar que os tornados foram tão intensos que ficaram dentro da categoria EF4 ou EF5 da escala Fujita melhorada. Isso significa que poderiam ter sido geradas rajadas de mais de 300 km/h.

As imagens indicam ainda que seriam um tipo de tornado que em meteorologia é conhecido como “wedge tornado”, caracterizado por ter uma base mais larga que a distância entre o solo e a base da nuvem, e que está associado aos mais mortais.

Estatisticamente, os tornados na África do Sul são relativamente raros em comparação com outras partes do mundo, mas ocorrem e podem causar danos significativos. As regiões orientais do país, onde ocorreram estes eventos, são as zonas mais propensas ao seu desenvolvimento. A maioria dos tornados no país ocorre entre novembro e janeiro, embora também tenham alguns na primavera e no outono, como neste caso, alguns dias antes do inverno. Ainda assim, isso o torna muito mais especial.

Cerca de 65% dos tornados da África do Sul são classificados como EF0 ou EF1, indicando danos leves. No entanto, houve tornados mais graves como os desta semana. Por exemplo, o tornado do Monte Ayliff de 1999, classificado como EF4, causou uma extensa destruição, deixando 25 mortos e cerca de 500 feridos. O tornado Welkom de 1990 foi um dos maiores já registrados, com uma frente de tempestade de 240 km de comprimento e até 1,7 km de largura, causando a destruição de 4.000 casas.