Donald Trump está tomando medidas que afetam muito o meio ambiente e a pesquisa científica. Quais os impactos?
O governo de Donald Trump nos Estados Unidos está sendo marcado por uma série de medidas e revogações de leis que já estão prejudicando a pesquisa climática e levarão a danos irreversíveis no meio-ambiente.

Recentemente, o governo dos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, vetou a participação de cientistas norte-americanos na sessão do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que será realizado na China. Além de impedir a viagem dos pesquisadores, a Casa Branca também solicitou o congelamento da cooperação de seus órgãos científicos com o IPCC, comprometendo o planejamento do próximo ciclo de relatórios, que terá início em 2029.
Embora pareça exagero, isso já está acontecendo. O pesquisador David Die, que dedicou sua vida a estudar espécies como tubarões e atuns, tinha acabado de ingressar na Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA), um dos principais centros de pesquisa climática do mundo, como chefe de filial em outubro de 2024.

Foi o ápice da carreira para este cientista de 65 anos. No entanto, em Fevereiro (após apenas 4 meses de trabalho) David recebeu o aviso de sua demissão em um e-mail genérico e sem justificativa, que deu a Die uma hora e meia para limpar sua mesa. Mais de 800 outros funcionários da NOAA foram demitidos no mesmo dia que Die, e outros 500 saíram após aceitar uma oferta de demissão.
Além disso, a NASA rescindiu contratos com cientistas norte-americanos que faziam parte de uma unidade de suporte técnico do IPCC. Essa decisão deixou o grupo sem liderança e aumentou a incerteza sobre a colaboração futura dos Estados Unidos com o painel climático da ONU. Nem a NASA nem a Casa Branca forneceram justificativas para a decisão.
O desmantelamento das políticas ambientais dos EUA
Isso tudo faz parte de uma série de medidas implementadas por Trump para desmantelar a agenda ambiental dos Estados Unidos. Logo no primeiro dia de seu mandato, ele assinou decretos executivos revertendo políticas ambientais estabelecidas por seu antecessor, Joe Biden, e reforçando o incentivo à exploração de combustíveis fósseis.

Entre suas ações mais drásticas, Trump ordenou a retirada dos EUA do Acordo de Paris, revogou o financiamento climático internacional do país, suspendeu programas de energia renovável e até mesmo congelou a produção de infraestrutura para carregamento de veículos elétricos.
Trump declarou ainda uma emergência energética nacional, priorizando combustíveis fósseis, energia hidrelétrica, biocombustíveis e energia nuclear, em detrimento de fontes renováveis. Essa ordem executiva concedeu ao presidente amplos poderes para instruir agências federais a ignorar impactos ambientais na análise de projetos energéticos, como oleodutos e perfuração de novas áreas para extração de petróleo e gás.

Além do impacto global, as restrições impostas pelo governo Trump à pesquisa científica causaram danos diretos a instituições acadêmicas e federais nos EUA. A retirada do apoio a estudos que envolvem a palavra "clima" resultou no congelamento de bolsas e subsídios sem justificativa, afetando pesquisas em hospitais, universidades e agências governamentais.
O governo também suspendeu o financiamento de programas federais voltados para a redução de riscos de incêndios florestais nos estados do oeste dos EUA, bem como congelou a contratação de bombeiros sazonais, decisão que ignora completamente os impactos de desastres naturais como os incêndios que atingiram Los Angeles no início de 2025.
Por fim, a Enviromental Protection Agency (EPA) iniciou trâmites, nesta semana, para revogar ao menos 31 leis ambientais. Essas decisões ocorrem em um momento crítico para o planeta, já que as temperaturas médias globais ultrapassaram pela primeira vez o limite crítico de aquecimento de 1,5ºC, e seus impactos podem ser irreversíveis. Será que é correto que a soberania de um único país custe tanto para o planeta?