Dubai produz chuva artificial e provoca alagamentos

Os Emirados Árabes Unidos são conhecidos pelo seu poder econômico e técnicas ousadas de construção. Dessa vez, o país está investindo na técnica de semeadura de nuvens para coletar água na represa. Porém, nesta semana a chuva artificial causou transtornos.

Dubai
Chuvas fortes e ventos intensos assolam os Emirados do Norte desde o início da semana.

Os Emirados Árabes Unidos são conhecidos por ser uma nação que se desenvolveu com sucesso no meio do deserto. A média do acumulado de chuva no país é de aproximadamente 100 mm por ano. Para se ter uma noção, chove em média cerca de 2300 mm por ano na Amazônia. Para cobrir a falta de recursos hídricos, o país resolveu investir na técnica de semeadura de nuvens para induzir a chuva e aumentar o nível de água das represas.

Desde sexta-feira (4), os Emirados Árabes Unidos realizaram pelo menos oito operações de semeadura de nuvem. De acordo com o governo, as represas do país coletaram 6,7 milhões de metros cúbicos de água nos últimos dois dias. O custo médio da técnica é de 1 dólar para cada metro cúbico de água extraído das nuvens.

Porém, o resultado da semeadura não foi sentido somente nas áreas onde ficam as barragens, mas também em algumas das maiores cidades do país. Na região norte de Dubai, ruas ficaram parcialmente alagadas e um dos maiores shoppings (Mall of the Emirates) teve que ser esvaziado depois de um corte de energia na terça-feira (8).

Como se produz chuva artificialmente?

A técnica é bastante ousada e inovadora, mas não é inédita (a China já utiliza o método há alguns anos). A semeadura de nuvens é um tipo de técnica para controlar o tempo e até mesmo o clima com o passar dos anos. O método visa alterar a quantidade ou o tipo de precipitação que cai das nuvens, dispersando substâncias no ar que servem como núcleos de condensação ou de congelamento, que alteram os processos microfísicos dentro da nuvem. A intenção usual é aumentar a precipitação (chuva ou neve), mas a supressão de granizo e nevoeiro também é amplamente praticada em aeroportos onde são vividas condições climáticas adversas.

Basicamente, uma aeronave sobrevoa a nuvem escolhida e despeja produtos químicos que induzem a formação de gotas de chuva. A água precipita e a nuvem morre. A técnica também é conhecida por ser a primeira demonstração que o homem poderá controlar os eventos meteorológicos no futuro.

Os produtos químicos mais comuns usados para a semeadura de nuvens incluem iodeto de prata, iodeto de potássio e gelo seco (dióxido de carbono sólido). O propano líquido, que se expande em um gás, também já foi usado. O propano pode produzir cristais de gelo em temperaturas mais altas que o iodeto de prata. Após pesquisas promissoras, o uso de materiais higroscópicos, como sal de mesa, está se tornando mais popular.