É oficial! NOAA anuncia a volta do El Niño depois de anos!
De acordo com a última atualização da NOAA, agora é oficial, o El Niño está entre nós! Ainda espera-se que o fenômeno ganhe ainda mais força nos próximos meses, podendo chegar a intensidade forte até o final de 2023!
Agora já não há mais especulações, o El Niño está oficialmente entre nós! É isso que indica a última atualização diagnóstica do El Niño-Oscilação Sul (ENOS) feita pelo Centro de Previsão Climática (CPC) da NOAA, que coloca pela primeira vez o “El Niño Advisory”, que significa que as condições de El Niño já são observadas e espera-se que continuem.
No último mês de maio, as condições oceânicas de El Niño surgiram através das Temperaturas da Superfície do Mar (TSM) acima do normal sobre o Oceano Pacífico equatorial, principalmente na porção mais central e leste. De acordo com o CPC, todos os índices das diferentes regiões do Niño - desde a porção leste, próxima a América do Sul, até a porção central - registraram anomalias superiores a +0.5°C na última semana: Niño 4 foi de +0.6°C; Niño 3.4 foi de +0.8°C; Niño 3 foi de +1.1°C e Niño 1+2 foi de +2.3°C.
Porém, não podemos esquecer que tanto o El Niño quanto a La Niña dependem da interação oceano-atmosfera, portanto, não basta observarmos somente as condições oceânicas para declarar um novo evento de El Niño, precisamos que a atmosfera esteja respondendo a essas anomalias oceânicas.
No último mês, além do aquecimento das TSMs no Pacífico Equatorial, também começamos a observar alguns indícios de enfraquecimento da circulação atmosférica sobre o Pacífico Tropical, a chamada Célula de Walker. Isso foi notado devido a um enfraquecimento dos ventos alísios na região, além de uma intensificação da convecção sobre o Pacífico Tropical central e enfraquecimento da convecção sobre a porção oeste, indicando um deslocamento do centro de convecção tropical sobre o Pacífico, algo característico do El Niño.
"Dependendo de sua força, o El Niño pode causar uma série de impactos, como aumentar o risco de chuvas fortes e secas em determinados locais do mundo", disse Michelle L'Heureux, cientista climática do Centro de Previsão do Clima. “A mudança climática pode exacerbar ou mitigar certos impactos relacionados ao El Niño. Por exemplo, o El Niño pode levar a novos recordes de temperatura, principalmente em áreas que já experimentam temperaturas acima da média durante o El Niño”.
O El Niño também acontece em meio a um cenário de TSMs globais muito acima da média. Nos últimos meses temos visto a temperatura média global dos oceanos bater recordes, ultrapassando os 21°C, algo que nunca foi visto desde o início dos registros. Portanto, o desenvolvimento de um El Niño, ainda mais de um El Niño forte, poderá piorar ainda mais essas condições.
Um El Niño para entrar na história
Os cientistas têm acompanhando com certa surpresa o desenvolvimento desse El Niño nos últimos meses. Isso porque, desde o final de um dos eventos mais longos de La Niña da história, que terminou no início desse ano, as previsões mudaram de condições neutras para previsão de El Niño de forma surpreendentemente rápida.
Esse aquecimento súbito das TSMs começou na costa oeste da América do Sul, onde as anomalias de TSM ultrapassaram +2.5°C, formando um intenso episódio de El Niño Costeiro, que tem provocado chuvas extremamente volumosas e graves inundações em países como Peru e Equador. Desde o estabelecimento desse El Niño Costeiro, cientistas já alertavam que se um El Niño se desenvolvesse, ele poderia ser de intensidade forte!
Desde então as anomalias quentes de TSM começaram a avançar para oeste, se espalhando pelo Pacífico equatorial de forma rápida. Com isso, o primeiro alerta de “El Nino Watch”, que indica a probabilidade de formação de El Niño, foi emitido pelo CPC/NOAA há menos de 2 meses, no dia 13 de abril.
Agora com o El Niño oficialmente estabelecido, a NOAA indica que há 84% de chance do El Niño se desenvolver para, pelo menos, intensidade moderada ainda em 2023 ou no início de 2024. Também há 56% de chance do El Niño chegar a intensidade forte. Se essas previsões se concretizarem, este El Niño será mais forte que o último, que ocorreu em 2018-19,e poderá chegar ao patamar do El Niño de 2015-16, o mais forte da história.