El Niño está no fim! O La Niña já poderia chegar no outono e inverno trazendo período de frio rigoroso?
À medida que o El Niño enfraquece, os modelos climáticos têm apontado para o retorno da La Niña a partir do meio desse ano! Mas quando a La Niña se desenvolverá de fato e o que podemos esperar dela?
O El Niño de 2023-24 está cada vez mais perto do seu fim, à medida que os modelos apontam o retorno da La Niña ainda neste ano! Importante recordarmos que a pouco tempo atrás vivemos um longo episódio de La Niña, que esteve ativo desde o segundo semestre de 2020 até os primeiros meses de 2023. A última La Niña foi responsável por uma grave seca sobre o Centro-Sul do Brasil, principalmente na região Sul, e chuvas acima da média que levaram ao transbordamento de rios na região Norte.
O atual evento de El Niño atingiu seu pico de intensidade máxima, com anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) na região do Nino 3.4 chegando a +2°C, entre Novembro e Dezembro de 2023. Desde então essas anomalias positivas têm enfraquecido, mas o evento segue ativo no oceano, registrando anomalias um pouco acima de +1°C nas últimas semanas.
Porém, enquanto o oceano ainda indica a presença do El Niño, a atmosfera já não responde mais a esse evento. Os sinais de enfraquecimento da Célula de Walker, como os ventos alísios mais fracos e a convecção acima da média sobre o Pacífico Central, esperados em eventos de El Niño, já não são mais observados. E, abaixo da superfície do oceano Pacífico Tropical, observamos o avanço de uma bolha de águas mais frias que o normal que começa a se aproximar da superfície na porção leste, indicando a aproximação da La Niña!
Já teremos uma La Niña no outono?
De acordo com o último boletim de prognóstico da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), devemos registrar uma transição de El Niño para a fase neutra do El Niño - Oscilação Sul (ENOS) entre Abril e Junho, com 85% de chance, com probabilidade de 60% da La Niña se formar entre Junho e Agosto, trimestre de inverno para o Brasil.
Durante o outono podemos já começar a observar o surgimento de anomalias negativas de TSM na porção leste do Pacífico Tropical, devido ao afloramento das águas frias que já são observadas em subsuperfície. Entretanto, o aparecimento dessa águas frias não basta para iniciar o evento de La Niña, são necessários meses de persistência dessas anomalias negativas de TSM, além de uma resposta robusta da atmosfera, para firmar o acoplamento oceano-atmosfera, tão importante para a manutenção do ENOS.
Portanto, a La Niña deverá começar a se desenvolver em meados do inverno, com maiores probabilidades de estar desenvolvida no trimestre de primavera, com 83% de chance de acordo com a previsão probabilística da NOAA.
Com a La Niña, podemos esperar um inverno rigoroso?
Além dos padrões opostos de chuva entre as porções norte e sul do Brasil, a La Niña geralmente favorece a maior frequência e avanço de massas de ar frio pelo Brasil, diminuindo as temperaturas. Por isso, com a probabilidade de formação da La Niña entre Junho e Agosto, muitos têm especulado que o inverno deste ano será rigoroso.
Mas o surgimento da La Niña neste inverno não significa que teremos um inverno mais frio que o normal, isso porque a La Niña ainda estará em seu estágio inicial durante os meses de inverno e ainda serão necessários meses para sentirmos seus efeitos no clima do Brasil e o fenômeno deverá atingir seu pico de intensidade apenas entre a primavera e verão.
Por isso que geralmente os impactos mais intensos no clima global, tanto do El Niño quanto da La Niña, são observados no segundo ano do fenômeno, após atingir sua fase de intensidade máxima. Dito isso, apesar do El Niño estar perdendo força, ainda sentiremos seus efeitos por mais alguns meses, mantendo as temperaturas mais altas que o normal em grande parte do planeta, incluindo o Brasil. Portanto, se o Brasil for registrar um inverno mais rigoroso que o normal devido a La Niña, isso só ocorrerá no próximo ano, em 2025.