El Niño mal começou e já contribuiu para a morte de centenas de pássaros no México
O que antes parecia ser um surto de gripe aviária no México, agora foi justificado pela chegada do fenômeno El Niño que mal começou e já provocou a morte de centenas de aves silvestres, entenda mais sobre a causa.
Quando a morte de uma espécie ocorre em massa, ou seja, em grande número, prontamente é levantada a hipótese de um surto, de uma doença como a gripe aviária quando se trata da morte de centenas de aves silvestres. Cerca de 300 pássaros morreram na costa mexicana nesses últimos dias, e o que parecia ser um evento epidemiológico, acabou indo para a conta do fenômeno El Niño.
Mas afinal, o que o aquecimento do Oceano Pacífico e a instalação recente do fenômeno El Niño tem a ver com a morte de centenas de aves? Para entender melhor sobre a morte das aves, o Ministério da Agricultura do México soltou uma nota explicativa sobre o aparecimento das aves mortas no litoral dos estados de Chiapas, Oaxaca, Guerrero, Michoacán, Jalisco, Sonora e Baja California Sur.
O governo do México já começou destacando que a suspeita inicial das autoridades sobre a morte das aves era sobre uma suposta gripe aviária, mas isso foi descartado em nota: “No entanto, de acordo com os achados patológicos encontrados nas necropsias realizadas por veterinários e biólogos especializados, considera-se que os animais morreram de fome”. Certo, agora o cenário ficou entre associar a fome dos pássaros ao retorno do fenômeno El Niño após anos de atuação do La Niña.
Como El Niño pode provocar morte em massa
Após descartar um evento de gripe aviária, autoridades mexicanas junto com a ajuda de especialistas, tiveram o desafio de associar a morte das aves ao fenômeno El Niño uma vez que as aves no litoral mexicano foram dadas como mortas de fome.
Segundo o Senasica, sigla que se refere ao Serviço Nacional de Sapude, Segurança e Qualidade Agroalimentar do México, o provável motivo para a fome que levou a morte de cerca de 300 aves silvestres na costa de vários estados mexicanos é de fato o El Niño.
Isso porque o fenômeno faz com que a maior parte dos peixes que serviam como alimento para as aves, nadem em maiores profundidades em busca de águas mais frias no oceano, ou seja, quanto mais profundo esses peixes nadam, menos comida disponível tem para a caça das aves com atividade marinha.
Ainda segundo os biólogos, em torno de 90% das aves que foram encontradas já sem vida eram da espécie cagarros, no entanto, gaivotas e pelicanos também foram encontrados mortos na costa mexicana. Outro fato que o governo mexicano destacou é que existe a possibilidade de que a maioria das aves já chegou mortas à costa dos estados, empurradas pelas correntes marítimas.
Outros riscos relacionados ao El Niño
O fenômeno que se instalou recentemente após três anos consecutivos de La Niña já começou chamando a atenção, inclusive, por conta de toda a expectativa que foi gerada meses atrás com o aquecimento anômalo do Oceano Pacífico, em que mesmo antes do El Niño global voltar, o El Niño Costeiro já estava provocando muitos desastres nas costas do Peru e do Equador.
Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), o El Niño voltou oficialmente no dia 8 de junho, um fenômeno climática natural que é capaz de gerar recordes de temperatura principalmente em países mais próximos à linha do Equador, mas gera também muitos eventos extremos em diversas outras localidades mundo a fora como por exemplo, o aumento das chuvas torrenciais nos Estados Unidos, as tempestades tropicais no Pacífico Central e até mesmo a alteração marinha no Canadá.
No Brasil, após três anos de atuação do La Niña que acabou provocando meses de chuvas irregulares no Sul e invernos intensos com ocorrência de geadas de forma abrangente no centro-sul, o El Niño volta agora com a missão de fazer diferente. Aliás, as simulações mais recentes dos modelos climáticos apostam de fato em um inverno mais úmido no Sul e partes do Sudeste e do Centro-Oeste, assim como um inverno mais seco em áreas do Norte e do Nordeste, além das temperaturas mais elevadas na média em praticamente todo o país, o que diminui, mas não anula por completo o risco de ondas de frio.
Para o próximo verão é que vem a missão de recuperar o cenário úmido no Sul do Brasil comparado aos últimos três anos. A tendência é de fato chuvas mais frequentes e mais intensas sobre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, o que pode avançar um pouquinho sobre São Paulo e Mato Grosso do Sul, estados do Sudeste e do Centro-Oeste consequentemente. Em contrapartida, espera-se um risco maior para estiagem no Norte e Nordeste.
Por outro lado, o fenômeno El Niño pode gerar altas temperaturas já no inverno, imagina durante a primavera e o verão em grande parte do Brasil. Esse calor acima do normal aliado a falta de chuvas regulares, traz a tona uma grande preocupação em anos de El Niño, a redução do nível dos reservatórios para a geração de energia no país, além do próprio racionamento de água potável. Ainda é cedo dizer, mas o El Niño ainda pode provocar mais mortes no Brasil e no mundo, seja de sede, seja de fome, seja de déficit hídrico no solo.