Elon Musk suspende uso de criptomoedas por razões ambientais

O CEO da Tesla, Elon Musk, anunciou no seu Twitter que não será mais possível comprar carros com a criptomoeda, que ele reconhece como muito intensiva em energia e, portanto, prejudicial ao meio ambiente.

Bitcoin
Lionel Aré, especialista em criptomoeda, explica que a compra de "um Tesla em bitcoins, pelo único ato de compra, teria que dirigir por mais de 5.000 quilômetros", para falar em termos de impacto no meio ambiente.

"A Tesla suspendeu a possibilidade de comprar veículos com as bitcoins. Temos preocupações com o rápido aumento dos combustíveis fósseis que são utilizados para minerar bitcoins e emitir as transações, em parte o carvão, que é a pior das emissões", escreveu o bilionário Elon Musk em sua conta do Twitter.

Parece que o chefe da Tesla, conhecido por ser um grande promotor do bitcoin, finalmente percebeu o custo ambiental da moeda digital. Mesmo que esta moeda seja intangível, ela tem uma pegada de carbono negativa. Então, como o bitcoin consome muita energia e quais são os impactos no meio ambiente?

Milhares de computadores funcionam 24 horas por dia

Para criar a criptomoeda, deve ser feito o que é chamado de mineração. Agrupados em centros de dados gigantes, esse processo de criação envolve o funcionamento de milhares de computadores 24 horas por dia. Os computadores tem que resolver problemas informáticos muito complexos, criando, assim, espaços de armazenamento que possam suportar as transações desta moeda virtual.

Mas, para resolver estes problemas informáticos complicados, é necessário um poder de computação significativo. Consequência: uma transação de bitcoin requer uma grande quantidade de energia elétrica. De acordo com Lionel Aré, diretor associado ao Boston Consulting Group e especialista em criptomoedas, "uma operação é o mesmo que ligar 5.000 microondas durante os 10 minutos que leva para se registrar a operação".

A moeda digital emite muito CO2

Esta moeda virtual é, portanto, particularmente enérgica, especialmente por que 70% das "fazendas de mineração" estão na China. Neste país asiático, a eletricidade vem do carvão, que é o combustível fóssil mais poluente do mundo. Em 2019, pesquisadores da Universidade do Novo México estimaram, antes do recente pico de preços, que cada dólar de valor do bitcoin valia 49 centavos de danos à saúde e ao meio ambiente nos Estados Unidos.

De acordo com o CBECI - índice de consumo de eletricidade de bitcoin de Cambridge - o consumo anual da criptomoeda pode chegar a 128 terawatts/hora, o que representa 0,6% da produção mundial de eletricidade, que é mais do que o consumo da Argentina ou da Noruega. Esse consumo de bitcoin aumentou 10 vezes em apenas três anos. Se a moeda digital fosse um país, ele estaria classificado em 24º lugar entre os países com maior consumo de energia elétrica.