Em Israel, 85% da água potável é proveniente do mar!
A necessidade incentiva a engenharia e diante da escassez encontram-se alternativas, em um país que pretende atingir os 100% no que diz respeito à captação de água potável oriunda do mar. Saiba mais aqui!
Tiberíades, ou também conhecido como Kinneret, é o maior lago de água doce de Israel e a principal fonte natural de água doce deste país semi-desértico. No entanto, pouquíssima água é captada para o abastecimento público.
Estão cada vez mais escassas as águas da chuva ou a neve derretida dos Montes Golã que sustentam o país, então tornaram-se uma reserva estratégica de onde só se retira a água para as comunidades rurais próximas, para atender a aumentos de demanda, ou para satisfazer parte das necessidades da Jordânia e manter o acordo de paz com o reino vizinho.
Nas casas dos cerca de 9 milhões de habitantes israelitas, contudo, chega água dessalinizada, oriunda do Mar Mediterrâneo. Do total de água potável consumida nas casas, 85% tem origem na reciclagem da água do mar, que é realizada por 5 centrais dessalinizadoras que produzem quase 600 milhões de m3 por ano. Uma das maiores centrais é a da IDE Hadera, que se estende por quilômetros de praia enfaixada por arame farpado, 30 km ao norte de Tel Aviv.
As tubulações desta instalação avançam 1,3 km mar adentro para sugar a água, e nelas são produzidos anualmente 137 milhões de m3 de água dessalinizada por osmose inversa (técnica que faz a água salgada passar por uma membrana semi-permeável que excluiu as moléculas de sal).
Desta central sai água para abastecimento doméstico de 1 milhão de israelitas, que usam filtros nas torneiras de casa para atenuar o leve sabor de sal. Contudo, este é o menor dos problemas de uma central dessalinizadora, já que o pior é a grande marca ambiental que deixa.
Além de ser a tecnologia de captação de água que mais consome energia, no caso da Hadera, esta energia é alimentada por energia gerada a carvão. Outro problema deste tipo de tecnologia é o fato da possibilidade de sugar plâncton e pequenos seres marinhos quando extrai a água do mar, e devolver grandes quantidades de salmoura bruta com impactos ambientais potenciais.
Perante estes cenários, a reciclagem de águas residuais tratadas tornou-se outra das principais fontes de água em Israel, mas apenas para a irrigação agrícola e de jardins. Só a agricultura carece de 51% do total de água produzida no país e mais de dois terços desta fatia tem origem na reciclagem de esgoto.
Em Portugal gasta-se muito e recicla-se pouco
De acordo com o jornal Expresso, Portugal registra perdas de 194 milhões de m3/ano nos sistemas de redes de abastecimento e a água subterrânea é pertencente ao dono da terra, sem grande controle sobre os poços artesianos feitos nela. Quanto à reciclagem da água do mar ou de esgotos, o país está longe da realidade israelita.
Só existe uma central de dessalinização em Porto Santo, que fornece água potável para abastecer os 5 mil habitantes da ilha madeirense. Construída em 1980, pode produzir 6.900 m3 de água e abastecer 35 mil pessoas.
Em Algarve, está sendo estudado o impacto ambiental de um projeto de uma grande dessalinizadora, cuja localização e capacidade de abastecimento ainda não são conhecidos.
Já no campo da reutilização de água e esgoto, Portugal recicla apenas 1,2% das águas residuais tratadas nas ETAR para irrigação de espaços verdes, campos de golfe e alguns campos agrícolas. O objetivo definido na estratégia nacional é chegar a 10% até 2025 e a 20% até 2030.