EMBRAPA e UNESP revelam segredos para proteger a macadâmia de doenças e melhorar a produção
Um estudo conduzido pela Embrapa e UNESP identificou as principais doenças da macadâmia no Brasil, destacando estratégias eficazes de manejo sustentável que ajudam a reduzir perdas econômicas e proteger a produtividade dos pomares.
A macadâmia é uma cultura valiosa, tanto pelo seu sabor delicado quanto pelas propriedades nutricionais que a tornam um alimento saudável e cada vez mais procurado. Com vitaminas, antioxidantes e óleos naturais, a noz atrai mercados nacionais e internacionais. Apesar do crescimento do setor, doenças fúngicas têm prejudicado a produtividade dos pomares no Brasil. Um estudo conduzido pela Embrapa Meio Ambiente e pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) detalha as principais doenças e oferece recomendações práticas para o manejo sustentável.
No entanto, a incidência de doenças nas inflorescências, troncos e frutos compromete os esforços de crescimento. A seguir, destacamos as doenças mais comuns e as estratégias para combatê-las.
Queima dos racemos: a principal ameaça
A queima dos racemos é a doença mais frequente na macadâmia no Brasil, causada pelo fungo Cladosporium xanthochromaticum. Esse patógeno, identificado recentemente no país, ataca as inflorescências em desenvolvimento, gerando necrose e deformações características. As extremidades das inflorescências assumem o aspecto de "cauda de rato", um sintoma típico da infecção.
O fungo prospera em temperaturas moderadas (entre 21°C e 23°C) e alta umidade, especialmente durante o período de floração. Como medida de manejo, é fundamental remover inflorescências remanescentes dos ciclos anteriores, pois estas servem como fonte de inóculo.
Além disso, o monitoramento constante do pomar durante o período crítico (junho a agosto) é essencial para identificar sinais precoces e agir rapidamente.
Podridão do tronco: perigo para plantas jovens e adultas
A podridão do tronco, causada pelo fungo Lasiodiplodia pseudotheobromae, representa uma séria ameaça, principalmente para plantas jovens. Os sintomas incluem formação de cancros no tronco, exsudação de goma e, em casos graves, a morte das plantas. Em árvores adultas, o fungo provoca manchas escuras na casca e, sob a superfície, os tecidos lenhosos ficam avermelhados.
O período mais favorável à doença ocorre entre novembro e abril, quando as temperaturas são mais elevadas. Para conter a disseminação, recomenda-se evitar ferimentos no tronco, desinfetar ferramentas de poda e eliminar galhos infectados. Realizar podas em épocas de menor umidade e proteger ferimentos com pastas à base de cobre são medidas essenciais.
Antracnose em frutos: problema emergente
A antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum siamense, afeta os frutos da macadâmia, gerando manchas necróticas que se expandem e podem comprometer a colheita. Inicialmente, as lesões são pequenas e difusas, mas com o tempo se tornam escuras e cobrem a superfície do fruto.
A doença é mais comum no outono, quando temperaturas moderadas (em torno de 23°C) e alta umidade favorecem a proliferação do fungo. Para controle, é importante remover frutos doentes e garantir uma boa ventilação no pomar, reduzindo a umidade. O manejo integrado também inclui a eliminação de insetos que causam ferimentos nos frutos, pois estes servem como porta de entrada para o patógeno.
Ensaios em laboratório demonstraram que fungicidas específicos são eficazes contra a antracnose, mas seu uso deve ser criterioso e alinhado às boas práticas agrícolas.
O estudo conduzido pela Embrapa e UNESP evidencia que o manejo integrado e sustentável das doenças da macadâmia é a chave para proteger os pomares brasileiros. Práticas como a remoção de resíduos vegetais, podas sanitárias e melhoria da ventilação ajudam a controlar doenças sem comprometer o meio ambiente.
Além disso, o monitoramento constante das plantações durante os períodos críticos permite intervenções rápidas e eficazes, reduzindo perdas econômicas e garantindo a qualidade do produto final. A expansão do cultivo da macadâmia no Brasil depende de ações coordenadas entre produtores e pesquisadores para manter os pomares saudáveis e produtivos.
Referência da noticia
Identificação e recomendações de manejo de doenças da macadâmia. 5 de dezembro, 2024. Almeida, B., et.al.