Emergência decretada! Amazonas é o estado que mais queimou em setembro com número de incêndio que passa de 4 mil

As queimadas não param de aumentar com o período de estiagem e altas temperaturas registradas. O estado do Amazonas decretou situação de emergência ao ocupar número 1 no ranking mensal de incêndios.

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Com mais de 4 mil incêndios somente em setembro, estado do Amazonas decretou situação de emergência.

Ocupar o número 1 em um ranking nem sempre é o melhor e mais desejado posto, principalmente quando se trata de questões ambientais negativas. Falando de queimadas, o estado do Amazonas foi parar no topo do ranking mensal monitorado pelo INPE ao chegar aos 4.127 focos registrados apenas neste mês de setembro, o número foi atualizado nesta última terça-feira (12), ou seja, n��o chegamos nem na metade do mês e o Amazonas já decretou situação de emergência ambiental por conta das queimadas registradas até o momento.

O cenário não é preocupante apenas pelo fato do estado ocupar o primeiro lugar em setembro, pois no ranking anual, o Amazonas vem em terceiro lugar com 11.938 focos de incêndios registrados desde o começo do ano até agora. Esse total ainda sofreu uma queda de 19% com relação ao mesmo período do ano passado, mas apesar da redução, os incêndios ainda se tornaram uma questão de emergência estadual.

Com situação de emergência decretada, Amazonas chega ao 4º ano consecutivo com queimadas ultrapassando a casa dos 10 mil focos registrados entre janeiro e setembro. Dados monitorados pelo INPE mostram que o estado ocupa o 3º lugar no ranking anual e o 1º no ranking de setembro de 2023.

Nesse intervalo de 12 dias, o estado do Amazonas registrou 4.127 focos em setembro de 2023, pouco menos do que foi registrado no mesmo período de 2022 com 4.905 focos. No ranking mensal, vale ressaltar que a região Norte do Brasil tem dominado o número de queimadas em setembro de 2023. A segunda posição está ocupada pelo estado vizinho, o Pará com 3.500 incêndios registrados. Com a atuação do fenômeno El Niño mantendo as chuvas freqüentes e intensas sobre a região Sul, o que tem gerado até estado de calamidade pública, a falta de chuva e o calor intenso ganham espaço na metade norte brasileira.

Os números registrados no Amazonas

O número de queimadas no estado do Amazonas aumentou significativamente durante essa última década. Em 2013, o total foi de 6.512 incêndios, isso durante o ano inteiro. Com o passar do tempo, as queimadas foram se tornando cada vez mais freqüentes e destrutivas em um dos biomas mais importantes para o Brasil e para o mundo em questão de saúde ambiental do planeta. De lá pra cá o salto foi enorme, em 2022 foram registrados 21.217 focos de queimadas no Amazonas. Em 2023, ano que nem terminou ainda, as queimadas já chegam a quase 12 mil registrados.

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Série histórica do total de focos ativos detectados pelo satélite de referência, no período de 1998 até 12/Set. Fonte: INPE

O que chamou a atenção foi o salto registrado nesse mês de setembro, em que apenas 12 dias foram o suficiente para o governador Wilson Lima assinar um decreto de situação de emergência ambiental na manhã desta última terça-feira (12). A medida que institui áreas de desmatamento ilegal e queimadas não autorizadas abrange os municípios de Apuí, Novo Aripuanã, Manicoré, Humaitá, Canutama, Lábrea, Boca do Acre, Tapauá , Maués, Iranduba, Novo Airão, Careiro da Várzea, Rio Preto da Eva, Itacotiara, Presidente Figueiredo, Manacapuru, Careiro Castanho, Autazes, Silves, Itapiranga, Manaquiri, além da Região Metropolitana de Manaus. A medida vale por um período inicial de três meses.

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Comparativo dos dados do ano corrente com os valores máximos, médios e mínimos, no período de 1998 até 12/Set. Fonte: INPE

Como forma de combate aos incêndios, Lima anunciou uma verba de R$ 1,9 milhão para as prefeituras contratarem brigadistas preparados, comprar materiais de combate a incêndio e pagar o trabalho dos combatentes. Há informações de cerca de 153 brigadistas estão sendo contratados, 17 por município. Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros do Amazonas, Orleilso Muniz, em apenas 3 meses foram registrados mais de mil incêndios em áreas de vegetação no estado do Amazonas.

Isso é um número expressivamente superior ao que nós registramos no ano passado. Organizamos um centro de monitoramento dentro do Corpo de Bombeiros e monitoramos o estado dentro de duas plataformas: o painel do fogo do Sipam, Sistema de Proteção da Amazônia, e o FIRMS, da Nasa, disse Orleilso Muniz.

A chuva tem ocorrido de maneira tão escassa e irregular no Amazonas que durante os últimos 90 dias, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) registrou apenas 127 milímetros de chuva em Manaus. Houve sim chuvas expressivas e até transtornos nos últimos meses no estado, mas isso de maneira bastante pontual e restrita ao noroeste do estado, área que registrou até agora 545 milímetros contados nesses últimos 3 meses, isso no município de São Gabriel da Cachoeira. Por outro lado, tem cidade que não registrou nem 60 milímetros de chuva em 90 dias, é o caso da cidade de Eirunepé, no sudoeste amazonense.

O que esperar no Amazonas daqui pra frente

No decorrer desses próximos dias pouca coisa deve mudar sobre o Norte do país que vive um cenário de pouca chuva e muito calor sob efeito do fenômeno El Niño. Pancadas de chuva são esperadas no Amazonas nos próximos dias e até semanas, mas de modo geral, o mês de setembro tende a terminar com chuvas abaixo da média. Até o final do mês são esperados episódios de chuva no Amazonas, com volumes até significativos na faixa oeste, mas isso de forma pontual, rápida e intercalada com janelas de sol e calor intenso.

A primavera vai começar em poucos dias e a estação mais úmida em muitas áreas do Brasil, pode ser marcada ainda por chuvas abaixo do esperado na região Norte. Em outubro, a anomalia de precipitação deve ser negativa e o mesmo pode se repetir nos meses seguintes, o que gera um cenário de preocupação quanto ao baixo nível dos rios e o potencial para mais incêndios.

Além da pouca chuva, o fator calor excessivo também pode ser fundamental nesse cenário preocupante no Amazonas neste ano de El Niño. As tardes quentes podem ter temperaturas máximas entre 35 e 40°C, o que torna também a vida difícil especialmente para as pessoas com problemas de saúde pré-existentes.