Empresa brasileira é a maior poluidora do planeta no setor de carne; confira a lista

Gigante da produção de carne, JBS figura no topo das maiores emissoras de gases de efeito estufa. Levantamento de 2024 é da organização Changing Markets

Frigorífico de carne
Setor de carne é responsável por parte considerável das emissões de gases de efeito estufa no planeta. Crédito: Paulo Whitaker/Reuters

Uma empresa brasileira lidera o ranking de maiores poluidores do planeta em produção e processamento de carne. A JBS S.A., corporação com sede em São Paulo, é responsável pela maior quantidade de emissões de gases de efeito estufa (GEE) nesse setor da indústria.

Apenas em 2021, estima-se que a JBS tenha gerado 287.9 milhões de toneladas de gás carbônico (na sigla em inglês, MtCO2e). Os dados são de um recente relatório da Changing Markets, fundação que monitora e expõe irregularidades ambientais na indústria e promove práticas mais sustentáveis.

No top 5 de maiores emissoras de gases poluentes no setor, também aparecem as empresas estadunidenses Cargill (244.5 MtCO2e) e Tyson Foods (104.1 MtCO2e) em segundo e terceiro lugares, respectivamente. Fecham a lista a também brasileira Marfrig (102.6 MtCO2e) e a chinesa WH Group (26.6 MtCO2e).

Os cálculos baseiam-se nos dados divulgados pelas companhias e em estimativas sobre áreas de atuação que não foram contabilizadas nos registros oficiais, como propriedades de fazendas fornecedoras de gado.

“O verdadeiro impacto ambiental dessas empresas é difícil de ser totalmente avaliado, pois suas emissões autorrelatadas provavelmente subestimam sua contribuição real e muitas não divulgam a cadeia de suprimentos completa”, ressalta a fundação Changing Markets em seu relatório.

Grandes emissões, promessas vazias

Gado
Geração de metano, desmatamento e degradação florestal estão associados à indústria da carne. Crédito: Divulgação JBS

De acordo com informações do Observatório do Clima, os sistemas alimentares são responsáveis por cerca de um terço das emissões de gases de efeito estufa no planeta, 60% delas são provenientes da pecuária. Além da geração de gás metano, altamente poluente, associada à criação de gado, o desmatamento e a degradação florestal para abertura de pastos são outros fatores que agravam a crise climática.

Diante desse impacto massivo, e dos faturamentos milionários acumulados, medidas efetivas das gigantes da indústria da carne são escassas e frustrantes.

Segundo informações da própria JBS, a empresa fechou o segundo semestre de 2024 com receita líquida recorde de R$100 bilhões. Em contraste, o investimento anual da companhia em projetos de neutralidade de carbono é de apenas US$20 milhões, o que equivale 6,2% do seu orçamento de marketing.

(As grandes empresas do mercado do agronegócio) fingem se preocupar com o meio ambiente enquanto praticam greenwashing e influenciam políticos para que a "boiada continue passando". Elas preferem investir mais em lobby e publicidade do que em soluções reais, agravando a crise climática e colocando o futuro do planeta em risco”, afirma o Observatório do Clima.

Com 70 anos de história, a JBS é uma multinacional de origem brasileira e se destaca no setor de alimentos, entre produção de carne, laticínios e derivados. Fazem parte do seu conglomerado dezenas de marcas que são muito conhecidas no mercado, como Friboi, Swift, Seara e Doriana.

Recentemente, o diretor global de sustentabilidade da JBS, Jason Weller, declarou à Reuters que a meta anunciada em 2021 de zerar as emissões de carbono associadas à empresa até 2040 era uma “aspiração” e não um compromisso firmado. “Nunca foi uma promessa que a JBS faria isso acontecer”.

Referências da notícia

Fundação Changing Markets. Relatório Big Emissions, Empty Promises. 2024

Reuters. Brazilian meatpacker JBS says net-zero emissions pledge was 'never a promise'. 2025

Observatório do Clima. Dando nome aos bois: as gigantes da carne e laticínios que mais poluem o planeta. 2025