Empresa de fundo árabe vai investir bilhões para transformar planta brasileira em biocombustíveis
A empresa Acelen, controlada pelo fundo árabe Mubadala Capital, planeja investir R$ 12 bilhões para a produção de combustíveis renováveis a partir de uma espécie de planta brasileira.
Os biocombustíveis são produzidos por meio da biomassa, uma matéria-prima orgânica não fóssil. Devido à menor emissão de gases poluentes na sua queima, eles são vistos como uma alternativa aos combustíveis fósseis, substituindo-os total ou parcialmente.
A Acelen, uma empresa criada e controlada pelo fundo Mubadala Capital, de Abu Dhabi, planeja produzir biocombustíveis a partir de uma planta brasileira. O projeto envolve a construção de uma unidade de produção (refinaria) no estado da Bahia. O investimento será de R$ 12 bilhões nos próximos 10 anos, mas ainda deve ser confirmado no primeiro semestre deste ano.
Que planta é essa?
A ideia da empresa é usar como matéria-prima o fruto da Macaúba, uma palmeira nativa do Brasil, para produzir 1 bilhão de litros de diesel verde e de combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês) por ano. Tanto o diesel verde quanto o SAF podem substituir os equivalentes de origem fóssil sem a necessidade de adaptação de motores, e com apenas 20% da pegada de carbono.
O plano envolve também o plantio de árvores de macaúba em 200 mil hectares de áreas degradadas na Bahia e no norte de Minas Gerais.
O projeto de geração de biocombustíveis
O projeto foi anunciado primeiramente no Museu do Futuro, um espaço inaugurado em 2022 em Dubai, nos Emirados Árabes.
A ideia é construir uma biorrefinaria em Mataripe (Bahia) na mesma área onde está localizada a refinaria também operada pela Acelen; o projeto de engenharia já está quase pronto. A expectativa é que esta nova unidade de produção movimente 85 bilhões de reais em vinte anos.
A Acelen vai atuar no desenvolvimento da cadeia de produção da macaúba. Para isso, um centro de tecnologia agronômica será instalado em Montes Claros (Minas Gerais), junto com um banco de sementes e viveiros. O próximo passo será iniciar a plantação em fazendas-piloto. Luiz de Mendonça, CEO da Acelen, diz que a empresa quer privilegiar o pequeno agricultor da região, mas precisa dar o impulso inicial.
As obras devem começar este ano, mas a parte industrial deverá começar a produzir no final de 2026, usando óleo de soja como insumo. Como a macaúba demora cerca de cinco anos para dar frutos, o plano é fazer uma substituição gradual.
A expectativa é que a produção seja voltada para o mercado internacional. E deverá gerar 90.000 postos de trabalho diretos e indiretos, além de reduzir em até 80% as emissões de dióxido de carbono (CO2) com a substituição do combustível fóssil.
E sabemos da necessidade de se buscar alternativas ao uso de combustíveis fósseis. Ricardo Fujii, coordenador da ONG WWF-Brasil, comentou: “Há uma necessidade urgente de reduzir o uso de energias fósseis, como o querosene, no setor de aviação, que está buscando inovações em termos de combustível limpo. A macaúba é uma excelente opção para gerar escala no uso de energia renovável e como combustível para aviação”.