Episódio de chuva pode trazer pequeno alívio aos produtores de café
Tempo firme beneficia colheita e secagem do café, mas produtores já começam a analisar os impactos da falta de água no solo pensando na próxima safra. La Niña ainda que fraca mantém irregularidade da chuva e pode estender o frio.
A falta de chuva regular e bem distribuída não é novidade, principalmente para os produtores de café que sentem os reflexos diretamente no fruto, isso em todo o Brasil. A chuva atrasou e de modo geral choveu pouco sobre áreas produtoras do Paraná, de São Paulo, de Minas Gerais, do Espírito Santo e da Bahia.
Durante o período de desenvolvimento do café, os níveis de água disponível no solo estavam longe do ideal em boa parte das áreas produtoras, e apesar de resistente, o café sentiu impactos do clima seco e quente.
Em janeiro de 2021, choveu bem no Sul do Brasil e a anomalia de precipitação ficou até positiva sobre o Paraná. Entretanto, não houve persistência, pois em fevereiro a chuva migrou em direção ao Sudeste sendo a vez de parte de Minas Gerais e Espírito Santo registrarem anomalia positiva. Depois disso, produtores viram e sentiram o clima seco nas lavouras nos meses de março, abril e nesta primeira quinzena de maio.
Colheita e secagem do café
Para as lavouras que conseguiram se desenvolver dentro da janela ideal e que agora estão em fase de colheita, o tempo seco ajuda. Condições de tempo firme e sem calor extremo são ideais para as atividades de colheita e de secagem nos terreiros.
A expectativa ainda é de manutenção deste tempo firme em grande parte das áreas produtoras de café nos próximos dias e ao que tudo indica, a colheita deve continuar avançando desde o Paraná até a Bahia.
Há previsão de chuva com a formação de uma área de baixa pressão atmosférica que mais tarde dará origem a uma nova frente fria, que desta vez deve avançar sobre o continente e não costeira como tem acontecido.
No Paraná a chuva está prevista para a última semana do mês de maio, pois o sistema de baixa pressão atmosférica deve organizar instabilidades a partir da próxima quinta-feira (20) sobre o Paraguai. Os acumulados devem ser significativos e favoráveis a manutenção da disponibilidade hídrica do solo. A colheita da safra atual vai paralisar momentaneamente, mas é algo que não deve durar muito tempo.
Junho com chuva acima da média no Sudeste
Após a formação do sistema frontal e consequente chuva no Sul do Brasil na última semana de maio, a tendência é de chuva sobre áreas produtoras de café no Sudeste. A primeira semana de junho será marcada pela passagem do sistema frontal que deve também paralisar as atividades de colheita e secagem, mas que em contrapartida, deve fazer a manutenção dos índices de disponibilidade hídrica no solo.
Simulações recentes apostam em volumes expressivos, o que consequentemente influenciarão a anomalia de precipitação do mês uma vez que a climatologia para esta época do ano é baixa, ou seja, apenas com este episódio, a chuva acumulada pode alcançar a média do mês.
Ao que tudo indica não haverá persistência desta chuva no restante de junho, volta o tempo mais seco. Para a colheita voltam as condições ideais, mas pensando na próxima safra, na próxima florada, o solo sem água disponível em níveis adequados pode trazer consequências em futuro próximo.
Geada no café
De forma mais estendida, pode faltar chuva nos próximos meses sobre os cafezais. Além disso, uma outra preocupação é com relação as ondas de frios que, sob influência de uma La Niña, ainda que fraca, podem ser mais frequentes e podem ser prolongadas, o que significa que ondas de frio podem sim gerar geadas tardias especialmente sobre áreas produtoras de café no Paraná, podendo também atingir alguma área de São Paulo e de Minas Gerais.