Estrelas foram responsáveis por alterar a órbita e o clima na Terra no passado, segundo novo estudo
Um estudo mostra que estrelas que se aproximaram do Sistema Solar no passado pode ter causado mudança na órbita terrestre assim como no clima.
A órbita da Terra sofre influência gravitacional tanto do Sol quanto dos planetas mais massivos como Júpiter e Saturno. Isso faz com que a excentricidade da órbita mude em um período de 100 mil anos sendo um dos três ciclos de Milankovitch. Esses ciclos determinam como os movimentos da Terra afetam o clima devido à quantidade de luz solar recebida.
Hoje, sabemos que os ciclos Milankovitch não explicam sozinhos as atuais mudanças climáticas que possuem o fator humano. Já no passado antes mesmo da presença humana na Terra, os ciclos eram os fatores principais que afetavam o clima no nosso planeta. Além disso, a órbita sofreu puxões gravitacionais de objetos fora do Sistema Solar.
Uma dupla de pesquisadores publicou na Astrophysical Journal Letters como estrelas que passaram perto do Sistema Solar podem ter alterado a órbita e clima na Terra no passado. A ideia é que a soma de vários encontros gravitacionais com estrelas possam ter influenciado na dinâmica do Sistema Solar e dos movimentos da Terra.
Ciclos de Milankovitch
Os ciclos de Milankovitc estão associados com três movimentos que o planeta Terra tem. Os três são as mudanças no formato da órbita da Terra, a inclinação do eixo da Terra em relação ao plano orbital e o movimento circular do eixo de rotação. Cada um desses movimentos possui um período diferente para completar 1 ciclo.
Essas componentes juntas interferem em quanto de luz solar chega na superfície terrestre dependendo da posição da Terra em relação ao Sol. Esses ciclos são importantes para o estudo do clima da Terra durante sua evolução. Geralmente, os períodos conhecidos popularmente como “eras do gelo” são associados à eles.
Como a órbita terrestre causa as estações do ano?
A ideia que muitas pessoas tem é que o formato da órbita causa as estações do ano como conhecemos mas essa ideia é errada. A órbita da Terra é praticamente circular com pouca excentricidade então a quantidade de luz é a mesma independente da Terra. Porém, a quantidade de radiação varia de hemisfério para hemisfério dependendo da posição da Terra.
Por causa do eixo de inclinação que permanece o mesmo durante 1 ano, o hemisfério que recebe mais luz solar varia. De dezembro a março é o hemisfério sul enquanto de junho a setembro é o hemisfério norte. As estações dependem da posição da Terra na órbita e não da excentricidade.
Simulando o passado
Para compreender como o clima na Terra variou durante sua história é necessário utilizar simulações computacionais complexas. Essas simulações utilizam propriedades conhecidas como composição da atmosfera e os ciclos de Milankovitch. A ideia é simular o passado e ver se encaixa com o que vemos no presente tanto a trajetória como padrões climáticos.
Mas assim como simulações meteorológicas, elas tem um alcance limitado visto que pequenas perturbações podem afetar drasticamente o resultado. Muitas das simulações que geram a órbita terrestre tem outra limitação que é tratar o Sistema Solar como isolado da Galáxia. A realidade é que estrelas podem interferir na dinâmica dos planetas.
Encontros com estrelas
Uma dupla de pesquisadores juntaram as duas ideias para conseguir simulações mais realistas do passado da Terra. Nas simulações, eles utilizaram as equações de dinâmica planetária para prever a posição da Terra e o formato da órbita. O grande feito foi que pela primeira vez, as simulações consideraram interações com estrelas que passaram perto.
O que o grupo encontrou foi que estrelas podem ter tido um impacto no formato da órbita da Terra. Eles usaram dados da estrela HD 7977 que passou próxima do Sistema Solar há 2.8 milhões de anos atrás. Analisando o impacto desse encontro, a dupla encontrou que bate com a época do Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno. Climatologistas estão analisando o impacto da influência de HD 7977 nessa época.
Não explica as mudanças climáticas hoje
É importante notar que apesar dessas interações interferirem no clima terrestre até mesmo em um período largo. Hoje sabemos que as mudanças climáticas atuais não estão associadas com elas. Em parte porque a última interação aconteceu 2.8 milhões de anos atrás e a próxima acontecerá daqui alguns milhões de anos.