Eventos extremos de chuva marcaram o mês de julho no Nordeste Brasileiro

Os eventos climáticos extremos estão se tornando cada vez mais frequentes em todo Brasil, com infraestrutura inadequada, planejamento urbano deficiente e falta de preparo, ocasionando o agravamento dos danos humanos causados pelo clima.

Os acumulados de precipitação no mês de julho, ultrapassaram a média climatológica. O período chuvoso na costa leste do Nordeste este ano está mais ativo.

O mês de julho encerrou com os maiores valores de acumulado de precipitação no Sul, Noroeste e principalmente na porção leste do Nordeste. Os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, se destacaram em relação a chuvas intensas, dado que os acumulados de chuva ultrapassaram a média histórica.

Estes pulsos também são conhecidos como Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL) – ou Ondas de Leste – e são perturbações no campo de vento e pressão que atuam na faixa tropical do globo terrestre, em área de influência dos ventos alísios, que se deslocam desde a costa da África até o litoral leste do Brasil.

As áreas de instabilidade associadas a termodinâmica e frentes frias foram responsáveis pelos acumulados de chuva na região Norte e Sul, respectivamente. E na região Nordeste, as chuvas foram causadas por áreas de instabilidade, atreladas a pulsos provenientes do Oceano Atlântico.

A formação desse sistema provocou chuvas volumosas em áreas dos estados do Rio Grande do Norte e Paraíba. Apenas no dia 4 de julho, o município de Ceará Mirim registrou 135,2 mm e Natal acumulou 104,1 mm, por outro lado, João Pessoa recebeu 99,8 mm de precipitação.

O município de Natal apresentou uma situação alarmante, pois no início de julho, choveu em cinco dias, o previsto para todo mês com 261 mm. A prefeitura chegou a decretar estado de calamidade pública, e na época foram montados três abrigos para acolher pessoas desalojadas.

Em julho, o total de chuva registrado na estação meteorológica em Natal foi de 601,2 mm, o que corresponde a 137% acima da média climatológica, que é de 254,0 mm. O período chuvoso na costa leste do Nordeste este ano está mais ativo, por causa da temperatura da superfície do mar acima do normal e também pelo fenômeno La Niña.

Costa leste do Rio Grande do Norte saiu da situação de seca

Por outro lado, as chuvas ocorridas na porção leste do Rio Grande do Norte, foram suficientes para retirar os municípios da situação de seca e então passaram para situação de muito chuvoso, sem seca relativa.

Análise das Chuvas Acumuladas (Quantis Mensais) do RN Período: julho/2022. Fonte: EMPARN

Chuvas volumosas provocaram transtornos em Pernambuco

Na região metropolitana de Recife também sofreu transtornos devido ao grande volume de chuvas, com o maior acumulado de 377 mm registrado no município de Ipojuca, que representa 128% em relação à média. As chuvas causaram inundações e deslizamentos de terra catastróficos que afetam particularmente os distritos vulneráveis e as pessoas que vivem em assentamentos nas encostas.

Os eventos extremos de precipitação estão associados às água mais aquecidas do Oceano Atlântico e à atuação do fenômeno La Niña.

Mesmo com estes altos volumes de chuva, os profissionais indicam que existe uma certa normalidade nas altas precipitações. O monitoramento pluviométrico da região, apresenta que a maior precipitação ocorre entre abril e agosto. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a chuva deste ano foi bem acima da média nos últimos 5 anos.

Acumulado mensal de precipitação para o estado de Pernambuco em Julho/22. Fonte: APAC

A Agência Pernambucana de Águas e Climas (APAC) estima que as chuvas cessem na segunda quinzena de agosto, data que marcaria o fim do inverno da região. Com o fim das altas precipitações, os municípios estão em fase de volta à normalidade.

Em vista disso, os eventos climáticos extremos estão se tornando cada vez mais frequentes em todo Brasil, com infraestrutura inadequada, planejamento urbano deficiente e falta de preparo, ocasionando o agravamento dos danos humanos causados pelo clima.