Extensas ondas de gravidade foram registradas no Oceano Atlântico Sul
Ondas de gravidade correspondem a um tipo de fenômeno atmosférico curioso e belo de ser observado. No dia 10 de maio, extensas ondas de gravidade no Oceano Atlântico Sul foram registradas nas imagens de satélite e despertaram a atenção dos cientistas.
Alguns fenômenos atmosféricos observados a olhos nu, dão indícios de que a atmosfera apresenta um comportamento ondulatório. Quem mora próximo de locais montanhosos, certamente é convencido disso. Embora pareça loucura, inúmeros fenômenos atmosféricos se comportam como ondas.
É provável que em algum momento você já tenha presenciado um céu intercalando regiões de nuvens com regiões sem nuvens. Reconhecemos este padrão de nebulosidade por ondas de gravidade. Elas são comuns próximas de regiões montanhosas. Mas o que faria às parcelas de ar oscilarem de maneira senoidal na atmosfera?
As ondas de gravidade são geradas em uma atmosfera estavelmente estratificada, isto é, quando camadas de ar frio estão abaixo de camadas de ar mais quente na troposfera. A região de interface entre essas camadas de ar de diferentes densidades, é o local preferencial para o desenvolvimento das ondas de gravidade interna.
Vários fatores podem desencadeá-las, como a frente de rajada de uma tempestade e a topografia elevada de uma determinada região. Na prática, a onda de gravidade é uma perturbação na camada de ar regida pela oscilação da força da gravidade e da flutuabilidade.
O acontecimento
Em 10 de maio de 2020, o Oceano Atlântico Sul foi palco de um grande evento de ondas de gravidade, cuja extensão do fenômeno foi de aproximadamente 2.000 km. Imagens de satélite capturaram a propagação das ondas na parte leste do oceano, área dominada por águas frias, temperaturas amenas e a presença da alta subtropical do Atlântico Sul.
As nuvens em uma onda de gravidade se formam nas regiões de cristas onde o movimento é ascendente, e se dissipam nos vales onde os movimentos são descendentes. No último dia 10, nota-se vários alinhamentos de nuvens estratos-cúmulos marítimos sobre o oceano, evidenciando a presença das ondas.
Baseado somente nestas imagens de satélite não é possível saber o que causou as ondas. “Existe várias fontes conhecidas de ondas de gravidade em nuvens marítimas de baixa altitude”, disse Sandra Yuter, pesquisadora da Universidade Estadual da Carolina do Norte que estudou o fenômeno. Ela verificou em seus estudos que, as ondas de gravidade na costa oeste da África, possuem relação com grandes tempestades e interação dos ventos marítimos como uma camada de ar estável nos baixos níveis.
No entanto, devido à extensão e proximidade das ondas de gravidade com o centro da alta pressão subtropical, é provado que o mecanismo de disparo não foi de uma tempestade, mas provavelmente outros processos físicos presentes na massa de ar.