Extremos climáticos na Região Sul: quais os impactos e desafios cruciais para a agricultura no Sul do Brasil?

Os extremos climáticos previstos para maio de 2024 no Sul do Brasil representam um desafio significativo para a agricultura.

Extremos climáticos em maio impactam a agricultura no Sul do Brasil com chuvas intensas e geadas, desafiando produtores locais.

O mês de maio de 2024 trouxe uma série de eventos climáticos extremos para o Sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Com precipitações muito acima da média e temperaturas baixas, os agricultores da região enfrentam grandes desafios para manter a produtividade e a qualidade das safras. A seguir, detalham-se os impactos dessas condições climáticas na agricultura local, destacando as culturas mais afetadas e as estratégias de mitigação.

Chuvas intensas e enchentes

O início de maio foi marcado por chuvas intensas, com acumulados que atingiram de 200% a 400% da média mensal em diversas localidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e análises complementares de serviços meteorológicos privados, essas precipitações extremas causaram cheias de rios, enchentes, alagamentos e deslizamentos de terra, afetando tanto áreas urbanas quanto rurais.

Esses dados são fundamentais para entender a escala e o impacto dos eventos climáticos, destacando um aumento significativo na frequência e intensidade das chuvas na região.

Dados de colheita e impactos nas safras

Segundo a Conab, as colheitas de soja, milho e arroz apresentaram as seguintes porcentagens até 19 de maio de 2024:

Milho

Rio Grande do Sul: 88.0%, uma leve melhora em relação aos 86.0% da semana anterior, Santa Catarina: 99.8%, praticamente concluída.

Soja

Rio Grande do Sul: 85.0%, um aumento significativo em relação aos 79.0% da semana anterior, Santa Catarina: 97.5%.

Arroz

Rio Grande do Sul: 86.0%, uma pequena melhora em relação aos 84.0% da semana anterior, Santa Catarina: 100.0%.

Plantas murchas e grãos expostos destacam os desafios enfrentados devido a condições climáticas extremas e alta umidade, impactando negativamente a qualidade e quantidade da produção.

As chuvas excessivas têm vários efeitos adversos na agricultura. Um exemplo é o atraso na colheita: as culturas de verão, como soja, milho e arroz, sofreram atrasos na colheita, prejudicando a qualidade dos grãos. Além disso, a umidade elevada favorece o desenvolvimento de doenças fúngicas, como a ferrugem asiática na soja, reduzindo a produtividade e aumentando os custos de controle.

Avaliação de grãos de arroz afetados por chuvas excessivas e alta umidade, que atrasam a colheita e promovem doenças fúngicas, reduzindo a qualidade e a produtividade das safras.

Em maio, os agricultores do Sul do Brasil foram confrontados com condições climáticas adversas, como chuvas excessivas e alta umidade, que trouxeram severos desafios à produção agrícola. Essas condições resultaram em plantas de milho murchas e com grãos expostos, ilustrando os impactos negativos sobre a qualidade e quantidade da colheita.

Logística e armazenamento das safras

As condições climáticas extremas não apenas afetam a qualidade e a produtividade das safras, mas também impõem desafios significativos na logística e no armazenamento. Estradas alagadas e infraestruturas danificadas podem atrasar o transporte de safras para armazéns, enquanto a alta umidade pode deteriorar a qualidade do grão armazenado, aumentando o risco de perdas pós-colheita. Soluções como armazéns com controle de umidade e caminhos alternativos de transporte são essenciais para minimizar esses impactos.

Anomalias climáticas e previsões de precipitação para o Inverno

As previsões de anomalias de temperatura e precipitação para maio de 2024, baseadas nos modelos meteorológicos SEAS5, indicam possíveis impactos significativos para a agricultura e o manejo ambiental na região Sul do Brasil.

Segundo os modelos, espera-se que áreas extensas do interior experimentem um aumento de até 4°C acima da média mensal. Este aumento na temperatura pode exacerbar as condições de estresse térmico para as culturas, elevando a demanda por irrigação para manter a saúde das plantações.

Variações de temperatura média mensal em relação à média histórica para maio, destacando o aumento significativo nas regiões interiores do Brasil. Fonte: ECMWF/METEORED.

Em paralelo, as previsões apontam para um excesso notável de chuvas, especialmente na costa, com volumes que podem exceder a média mensal em até 50 mm. Este aumento previsto na precipitação eleva o risco de alagamentos e propicia condições favoráveis ao desenvolvimento de doenças fúngicas nas plantações, impactos que já foram observados em culturas de soja e milho em anos anteriores.

Para mitigar esses potenciais efeitos adversos, são necessárias estratégias adaptativas robustas, como a melhoria da drenagem agrícola e a adoção de variedades de culturas mais resistentes a doenças e flutuações climáticas.

Diferenças na precipitação média mensal em comparação com a média histórica para o mesmo mês. Fonte: ECMWF/METEORED.

De acordo com as últimas projeções do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) divulgadas em maio de 2024, espera-se um inverno particularmente seco para a região Sul do Brasil. Os dados indicam que muitas áreas desta região poderão receber quantidades de chuva substancialmente abaixo das médias históricas, com algumas localidades acumulando menos de 25 mm ao longo dos meses de junho, julho e agosto.

Esta notável redução nas precipitações pode representar significativos desafios para a agricultura e para a gestão dos recursos hídricos, intensificando as condições de seca e pressionando por adoção de estratégias adaptativas e sustentáveis no manejo ambiental.

Estratégias de mitigação

Em situações climáticas extremas similares, técnicas como o uso de coberturas plásticas e a irrigação noturna têm se mostrado eficazes.

Por exemplo, durante as chuvas intensas de 2019 no Paraná, o uso de lonas para cobrir as culturas mais sensíveis ajudou a reduzir a incidência de doenças fúngicas, enquanto a irrigação noturna foi utilizada para prevenir geadas em regiões de cultivo de café. Além disso, a rotação de culturas e o plantio direto são práticas recomendadas para manter a estrutura e a saúde do solo, minimizando a erosão e melhorando a drenagem, conforme destacado em estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Os extremos climáticos previstos para maio de 2024 no Sul do Brasil representaram um desafio significativo para a agricultura.

A combinação de chuvas intensas e geadas requer uma preparação cuidadosa e o uso de técnicas de manejo adaptativas para mitigar os impactos negativos na produção agrícola. Com a adoção de medidas adequadas, é possível minimizar os danos e garantir a sustentabilidade das atividades agrícolas na região.