Falta infraestrutura para lidar com tantos incêndios no mundo
As temporadas de incêndio ao redor do mundo estão ficando mais longas e intensas e novas estratégias de combate ao fogo precisam ser discutidas. Fica cada vez mais evidente que o mundo não tem infraestrutura suficiente para lidar com tantos incêndios ao mesmo tempo.
As temporadas de incêndio ao redor do mundo estão ficando mais longas e intensas. Com as mudanças no padrão de incêndios, a logística de combate ao fogo é colocada em cheque e fica cada vez mais evidente que não temos aeronaves-tanques suficientes para lidar com tantos incêndios ao mesmo tempo.
Antigamente, dividir os aviões de combate a incêndios era uma tarefa simples. Os aviões-tanques, com a capacidade de 5 mil galões de água, usados na temporada de incêndios da Califórnica (EUA) tinham tempo para se preparar antes dos incêndios na Austrália começarem. No entanto, o principal incêndio em Sidney (Austrália) começou antes nesse ano, apenas alguns dias após o fim dos fogos na Califórnia - dando pouco tempo para preparação e deslocamento transcontinental necessário.
E o problema é muito mais extenso. Países que normalmente lidavam com seus incêndios sem ajuda, como Chile e Bolívia, entraram na competição por contratos de aeronaves, já que seus incêndios se intensificaram. A Bolívia alugou o único Boeing 747 do mundo adaptado para combate a incêndios para atuar na Amazônia em Agosto. A aeronave foi usada em incêndios em Israel (2016), Chile (2017) e Califórnia (EUA, 2018).
O aumento na severidade dos incêndios tem ampliado uma mobilização mundial em prol de uma estrutura de combate às queimadas mais robusta. A União Europeia criou nesse ano um fundo para a contratação de aeronaves de combate ao incêndio na Europa. Asia e Coreia do Sul estão fechando contrato com empresas menores. Outra prática em comum é o empréstimo de aviões-tanque entre países, como foi o caso da Indonésia e Austrália, alguns anos atrás.
As companhias de combate ao fogo e algumas instituições governamentais já começam a se planejar para enfrentar incêndios durante todo o ano. O combate aos incêndios deve ser "um esforço global, não um esforço de estados ou nações", Stuart Ellis, Chefe Executivo do Conselho de Incêndio e Emergências da Australasia, que engloba Austrália, Nova Zelândia e Pacífico.
A Austrália é um dos países que mais sofre com queimadas. Os efeitos das mudanças climáticas tem agravado muito os incêndios no país a medida que o clima tem se mostrado mais seco e quente. Enquanto o fogo se alastra e as condições são consideradas catastróficas, o governo Australiano não se mostra aberto para a discutir a relação entre o aumento da severidade dos incêndios e as mudanças climáticas. No começo do mês, no AdaptNSW2019, uma reunião de planejamento, indústria e meio-ambiente, os participantes foram aconselhados a não falar sobre o tema.