Família aumentou! Descoberta uma galáxia misteriosa orbitando a Via Láctea

Astrônomos encontraram uma nova galáxia satélite da Via Láctea. A galáxia possui um mistério que se resolvido pode resolver um problema na Astronomia.

Uma galáxia satélite com cerca de 60 estrelas pode ter sido encontrada por astrônomos.
Uma galáxia satélite com cerca de 60 estrelas pode ter sido encontrada por astrônomos.

A Via Láctea possui um conjunto de galáxias pequenas que orbitam em torno dela, essas galáxias são chamadas de galáxias satélites. Duas galáxias satélites mais famosas são a Grande Nuvem de Magalhães e a Pequena Nuvem de Magalhães. Essas galáxias chamam atenção por interagirem gravitacionalmente com a Via Láctea.

No entanto, simulações cosmológicas utilizando o famoso modelo Lambda CDM para a matéria escura mostra que a Via Láctea deveria ter muito mais galáxias satélites do que já observamos. Esse é conhecido como um dos grandes problemas do modelo e a busca por galáxias satélites é um ponto importante na Astronomia.

Um artigo publicado no The Astrophysical Journal divulgou que encontrou uma nova galáxia satélite da Via Láctea. O curioso sobre a galáxia é que ela parece ter muito mais matéria escura do que galáxias semelhantes a ela. Agora o mistério foca em determinar se estamos vendo uma galáxia ou apenas um aglomerado de estrelas.

Galáxias satélites

Galáxias maiores como a Via Láctea ou Andrômeda podem ter galáxias menores as orbitando. Essas galáxias menores são chamadas de galáxias satélites. Muitas dessas galáxias satélites são galáxias anãs, ou seja, galáxias pequenas e pouco massivas. Toda a dinâmica entre as satélites com as maiores é baseada nas interações gravitacionais.

Pequena e Grande Nuvem de Magalhães fotografas acima do VLT no Chile.
Pequena e Grande Nuvem de Magalhães fotografas acima do VLT no Chile. Crédito: ESO

A Via Láctea possui duas galáxias satélites bastante conhecidas: a Grande Nuvem de Magalhães e a Pequena Nuvem de Magalhães. É possível observar essas galáxias a olho nu em um céu com pouca poluição luminosa. A Grande Nuvem de Magalhães está a cerca de 160 mil anos-luz de distância.

Lambda CDM

O Universo é composto majoritariamente de energia escura e matéria escura com a matéria visível sendo uma fração pequena. Atualmente, não sabemos a natureza da matéria escura e alguns modelos se propõem a explicar como é a estrutura e evolução do Universo. O mais conhecido é o modelo Lambda CDM ou Modelo Padrão da Cosmologia.

Uma das características importantes sobre esse modelo é quando se refere à descrição da matéria escura. A matéria escura é descrita como “matéria escura fria” associado às velocidades baixas que as partículas teriam nesse modelo. Outra característica é que a matéria escura seria não-colisional diferente da matéria visível.

UMa3/U1

Uma galáxia satélite com uma luminosidade extremamente baixa, chamada de UMa3/U1, foi encontrada por um grupo de astrônomos da Universidade de Victoria no Canadá. Ela é extremamente pequena em comparação com outras galáxias satélites. Além disso, a sua massa é muito baixa com cerca de 15 vezes a massa do Sol e estima-se que ela tenha cerca de 60 estrelas.

A maior parte da matéria estaria na matéria escura e por isso ela consiga se manter estável.

Algumas das estrelas presentes na galáxia UMa3/U1 estima-se ter 10 bilhões de anos. Ela foi encontrada após dados observados em telescópios no Canadá, França e no Havaí. As observações dos telescópios confirmaram que ela possui uma ligação gravitacional com a Via Láctea e está localizada a 30 mil anos-luz de distância.

Galáxia ou aglomerado de estrelas?

O tamanho pequeno e a pouca quantidade de estrelas levantam a questão se estamos vendo de fato uma galáxia satélite ou apenas um aglomerado de estrelas orbitando a Via Láctea. Aglomerados de estrelas não são raros e estão espalhados pelo halo da Via Láctea, uma região esférica que engloba a galáxia.

Mapa de aglomerados de estrelas e galáxias satélites da Via Láctea.
Mapa de aglomerados de estrelas e galáxias satélites da Via Láctea. Crédito: ESA

Aglomerados de estrelas podem ter mais estrelas do que a galáxia UMa3/U1 tem. A diferença crucial é na quantidade de matéria escura. O debate sobre a quantidade de matéria escura disponível na galáxia UMa3/U1 determinará se ela se trata de um aglomerado ou de uma galáxia mesmo.

Resolvendo problema na Astronomia

Caso UMa3/U1 seja confirmada como uma galáxia, os astrônomos tem motivos para comemorar. Atualmente, um dos problemas do modelo Lambda CDM é que ele prevê a existência de muito mais galáxias satélites em torno da Via Láctea do que observamos.

UMa3/U1 provaria que talvez essas galáxias satélites sejam muito apagadas e difíceis de serem encontradas. Isso seria mais uma evidência para o modelo Lambda CDM e um passo a mais para compreender a matéria escura.

Referência:Errani et al. 2024 Ursa Major III/UNIONS 1: the darkest galaxy ever discovered? The Astrophysical Journal