Federações agrícolas do RS contestam os dados da safra de arroz divulgados pela CONAB
A Conab projeta crescimento recorde na safra de arroz, mas Federações do Sul do Brasil contestam os dados, apontando erros significativos que podem prejudicar produtores e mercados. O debate revela tensões sobre a credibilidade das informações oficiais.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou recentemente estimativas que colocam a produção de arroz no Brasil em crescimento significativo. Segundo os dados da Conab, a área plantada teve um aumento de 9,7% em relação à safra de 2024, indicando um recorde de produtividade para este cereal tão importante na alimentação dos brasileiros.
Esses números soam como boas notícias tanto para consumidores quanto para o setor de agronegócio, reforçando a imagem do Brasil como um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Porém, essas estimativas otimistas não passaram despercebidas por organizações representativas de produtores de arroz, que veem nos dados oficiais divergências preocupantes.
A resposta da Federarroz e Farsul: desinformação e consequências
Em nota conjunta, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) e a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) contestaram os números da Conab. Segundo as entidades, a área plantada de arroz aumentou apenas 2,69% — não 9,7% como reportado — de acordo com levantamentos realizados pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), que possui histórico de pesquisa de campo na região.
As lideranças dessas entidades expressaram preocupação com o que consideram uma “rodada de desinformação” promovida pela Conab, que poderia desencadear intervenções nos preços do cereal.
Para eles, a superestimação atual pode impactar negativamente produtores, indústrias e até mesmo consumidores, com potenciais prejuízos bilionários.
Por que essas diferenças importam?
As discrepâncias entre os dados oficiais e os apresentados pelas entidades geram dúvidas importantes. Se os números da Conab estiverem inflados, os preços do arroz podem ser pressionados para baixo, o que beneficiaria consumidores no curto prazo, mas poderia causar prejuízos aos produtores que já enfrentam altos custos de produção. Por outro lado, a Federação garante que o país continuará produzindo excedentes, eliminando qualquer risco de desabastecimento.
Para além do debate técnico, a questão também revela tensões sobre a qualidade das informações oficiais. Os críticos apontam que erros nos dados do governo podem não ser apenas uma questão de metodologia, mas também de interesses ideológicos ou políticos que afetam o mercado.
Ao público, fica a mensagem de que o setor agrícola brasileiro segue sendo um dos mais robustos do mundo, mas que o monitoramento criterioso das estatísticas e o diálogo entre governo e produtores são essenciais para evitar prejuízos desnecessários.