Fumaça de incêndios na Sibéria se movem pelo Hemisfério Norte
A onda de calor que atingiu o norte da Sibéria entre o final da primavera e o início do verão desencadeou um problema ambiental: os incêndios florestais. A pluma de fumaça já alcança parte do Hemisfério Norte.
O mês de junho registrou temperaturas atípicas na Rússia, incluindo o recorde de calor na Sibéria. O país apresentou dois extremos climáticos: temperaturas abaixo da média no ocidente e forte aquecimento no norte.
Com o termômetro alcançando 38°C no dia 20 de junho, a cidade siberiana de Verkhoyansk ganhou os noticiários mundiais com o seu recorde preliminar de temperatura mais alta já registrada no Círculo Polar Ártico.
Salienta-se que a Sibéria é um dos locais mais frios do mundo durante o inverno, registrando temperaturas de 40 e até 50 graus Celsius negativos. Junto ao recorde preliminar de 38°C, houve também o recorde de menor cobertura do gelo marinho em 41 anos na costa siberiana.
A onda de calor Rússia entre o fim da primavera e início do verão tornou a pesca escassa, fez a vegetação florescer mais cedo e ainda antecipou a chegada dos insetos. Enquanto crianças buscaram lazer em lagos, muitos adultos tentavam esconder suas janelas do “sol da meia noite”, fenômeno astronômico observado nas latitudes próximas dos pólos da Terra.
“Coisas muito estranhas estão acontecendo aqui”, disse o cientista Roman Desyatkin que estuda o clima da região. Nossas plantas, animais e nosso povo não estão acostumados com um calor tão grande”.
O calor também acabou contribuindo para centenas de incêndios florestais no norte da Rússia. Cerca de 1,2 milhões de hectares estão sendo consumidos pelo fogo. Segundo a agência russa de gerenciamento aéreo de incêndios florestais, a Avialesookhrana, os incêndios estão mais antecipados e numa área maior que o habitual.
A gravidade desses incêndios é evidenciada ao se observar imagens de satélite desde meados de junho. Grande parte da cobertura florestal se encontra em regiões remotas, de difícil acesso. Sem a intervenção rápida dos bombeiros, esses incêndios atingem grandes proporções e pode ameaçar povoados arredores.
Simulações computacionais capturaram a pluma de fumaça se deslocando da Sibéria em direção à América do Norte e parte do Ártico no começo de julho. Nesta mesma simulação, é possível verifica ainda a poluição atmosférica de origem antrópica na Índia e na China.
A intensidade incomum do aquecimento na Sibéria acentua a discussão da crise climática, agravada sobretudo no Ártico. Além das preocupações com os impactos dos padrões climáticos anômalos, a consequência dos incêndios florestais de grandes proporções também preocupam, visto que nesta situação a queima de biomassa libera CO2 que estava estocado nos galhos e troncos das árvores para a a atmosfera. O CO2 é um dos gases que atuam no efeito estufa.