Furacão Sally deixa rastro de destruição na Flórida e no Alabama
Com ventos de 170 km/h e cerca de 450 mm de chuva acumulada, o Furacão Sally causou inundações, formou uma grande maré de tempestade e derrubou árvores, bloqueando estradas e dificultando as operações de resgate.
O Furacão Sally atingiu a costa dos Estados Unidos nesta quarta-feira como um furacão de categoria 2, causando grande destruição. Apesar de ter enfraquecido, a tempestade continua ativa sobre a região da Flórida e Alabama, trazendo chuvas torrenciais.
Sally causou uma fortíssima maré de tempestade que engoliu as regiões costeiras e 450 mm de chuva foram registrados em diversos locais. A tempestade trouxe “quatro meses de chuva em apenas quatro horas”, disse a chefe dos bombeiros Ginny Cranor à CNN.
Pelo menos uma pessoa morreu e outra estava desaparecida na cidade de Orange Beach, Alabama, disse o prefeito. Cerca de 400 pessoas foram resgatadas da inundação até o momento. Evacuações obrigatórias foram ordenadas para grande parte da costa e áreas baixas do Mississippi à Flórida, e abrigos foram abertos para acomodar os evacuados.
Sally atingiu a costa do Alabama na madrugada de quarta-feira, com ventos de 170 km/h. Embarcações foram arrancadas de suas amarras e ficaram fora de controle, ameaçando atingir a ponte da baía de Escambia. Veículos com laterais altas, como caminhões, foram derrubados.
De acordo com relatórios locais, os efeitos catastróficos da tempestade também deixaram cerca de 550 mil residentes norte-americanos no escuro, sem energia, na noite de quarta-feira. Há relatos de inúmeras quedas de árvores que bloqueiam a passagem e dificultam as operações de resgate.
Apesar dos fortes ventos, foram as chuvas torrenciais e a grande maré que causaram os maiores danos. Em Pensacola, foram registrados alagamentos de um metro e meio. A maré de tempestade foi a terceira pior já registrada na cidade.
Esta situação foi muito agravada pelo ritmo lento da tempestade, que se desloca apenas 11 quilômetros por hora, e acaba concentrando a chuva intensa em áreas menores. Um estudo de 2018 publicado na revista Nature descobriu que a velocidade com que furacões e tempestades tropicais se movem diminuiu 10% entre 1949 e 2016, uma queda que pode estar ligada às mudanças climáticas.
Outros estudos feitos por Michael E. Mann e outros sugerem que o aumento do calor do Ártico pode desacelerar as correntes de jato e também afetar outros padrões de circulação atmosférica sobre a América do Norte. “Nosso trabalho indica que as mudanças climáticas estão favorecendo esse fenômeno”, escreveu Mann ao NY Times.Após penetrar o continente, a tempestade enfraqueceu e se tornou uma depressão tropical, com ventos diminuindo para 60 km/h. As previsões indicam que Sally continuará seguindo em direção nordeste através do Alabama. O centro da tempestade deve passar para a Geórgia e pela Carolina do Sul ao longo desta quinta-feira. Há alertas de chuva forte e possibilidade de alagamento nestas regiões.
Sally atinge o Alabama exatamente 16 anos após o Furacão Ivan causar grande destruição na mesma região. Ivan atingiu a costa no mesmo dia que Sally, 16 de Setembro, em 2004.“Este não parece ser um bom dia para Pensacola”, disse o vice-xerife Chip W. Simmons, do condado de Escambia, em uma entrevista coletiva. “Ivan causou mais estragos com seus ventos poderosos, mas a chuva e a tempestade poderosa de Sally parecem piores”, disse Simmons.
Sally é o quarto furacão a atingir a costa dos Estados Unidos este ano, o que faz com que este seja o maior número de furacões nesta época do ano desde 2004. Sally também é a oitava tempestade nomeada a atingir os EUA, um número recorde para esta data.
Outros furacões já estão se formando no Atlântico. Geralmente, os meteorologistas utilizam nomes masculinos e femininos em ordem alfabética para batizar tempestades - Porém, com apenas mais duas formações, a lista de nomes deste ano terminará. Caso isso ocorra, os novos furacões começarão a ser nomeados com letras do alfabeto grego.