Garimpo devastou cerca de 4 campos de futebol por dia nas terras indígenas em 2023, aponta Greenpeace

Exploração de territórios indígenas ultrapassam 1.400 ha de área devastada em 2023. Yanomami, Kayapó e Munduruku são as três terras mais atingidas!

Garimpo
Garimpo ilegal devastou mais de 1.400 ha em terras indígenas no ano passado. Foto: Alan Chaves.

Levantamento realizado pelo Greenpeace afirmou que o garimpo devastou 1.410 hectares nas terras indígenas dos povos Kayapó, Munduruku e Yanomami, o equivalente à abertura de 4 campos de futebol por dia. São muitas áreas afetadas e poucas ações para interromper essa destruição.

Os dados comprovam que os esforços de combate e fiscalização estão sendo insuficientes, o que exige medidas urgentes e direcionadas. As terras indígenas citadas acima concentram 95% da mineração ilegal, segundo um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Acumulado de áreas invadidas pelo garimpo ultrapassa 26 mil hectares

Sob uma perspectiva geral, o garimpo ilegal já devastou mais de 26 mil hectares dos territórios demarcados dos povos Kayapó, Munduruku e Yanomami, um area maior do que a cidade de Recife.

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Área devastada pelo garimpo em 2023 ultrapassou 1.400 hectares, e no total são mais de 26 mil hectares. Fonte: Greenpace.

Esse crime voltou a aumentar em meados de 2018 e continua avançando sobre as áreas indígenas de forma organizada, com estrutura, logística e usando maquinário pesado estimado em milhões de reais. O garimpo causa graves danos ao meio ambiente e coloca em risco não só os povos originários, mas também toda a população, pois gera uma série de impactos negativos.

Vale ressaltar que todo garimpo em território indígena é ilegal no Brasil, já que a mineração nesses territórios é proibida por lei.

Só nos últimos dois anos, o garimpo nos rios do povo Munduruku devastou uma área superior a 580 campos de futebol, e o mais impactado é o rio Cabitutu. Além disso, o garimpo promove a degradação cultural e social das comunidades indígenas e populações tradicionais, desmatamento e perda de biodiversidade, dificultando à crise climática e proteção da Amazônia, além da contaminação dos rios por mercúrio.

Entre 2022 e 2023, o rio Cabitutu teve uma área degradada pelo garimpo de aproximadamente 264,2 ha, seguido do rio das Tropas com 219,4 ha, rio Marupá com 55,1 ha, Igarapé Mutum com 43,6 ha e por último o rio Cadiriri com 43,6 ha. Todos estes rios ficam nas terras indígenas Munduruku e totalizaram 582,7 ha de área afetada pelo garimpo.

Imagens de satélite mostram o aumento da área desmatada em 6 anos

Por meio de imagens de satélite é possível ver que a atividade ilegal está concentrada na porção leste e nordeste da terra indigena Kayapó, além de está sobreposta a pelo menos 4 aldeias da região.

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Imagem de satélite mostra o avanço do garimpo na terra indígena Kayapó no estado do Pará. Fonte: Greenpace.

De acordo com o relatório do Greenpeace, apenas em 2023, o garimpo devastou cerca de 1.019 ha, e o acumulado até dezembro de 2023 foi mais de 15,4 mil ha de garimpo. O território dos Munduruku é o segundo mais invadido, em que os garimpos estão perto de pelo menos 15 aldeias e, até dezembro do ano passado, a área total garimpada somava 7.094 ha.

Na terra indígena Yanomami, foram devastadas 3.892 ha até o ano passado, sendo considerado o terceiro território indígena mais invadido. Os dados mostram que, em 2023, a abertura de novas áreas de garimpo teve um pico em janeiro, seguida por uma queda drástica em fevereiro, logo após o governo federal decretar situação de emergência nacional no território. Em março e outubro houveram novos auges de expansão garimpeira.