Gigante da Amazônia: cientistas localizam árvore de 88 metros de altura
Após três anos de expedições mal sucedidas, grupo de pesquisadores conseguem localizar a árvore mais alta já registrada na floresta amazônica, com altura equivalente a um prédio de 25 andares.
A Amazônia possui inúmeras espécies de animais, vegetais e uma variedade de organismos ainda desconhecidos pela comunidade científica. Há apenas 3 anos, pesquisadores encontraram as árvores mais altas já registradas no país.
A árvore gigante, cuja copa se projeta bem acima da copa da Reserva Natural do Rio Iratapuru, no norte do Brasil, é um Angelim vermelho (Dinizia excelsa). Esta espécie mede 88,5 metros de altura e 9,9 metros de circunferência, a maior já identificada na Amazônia, segundo os cientistas.
Através de um projeto de mapeamento 3D, a árvore foi observada pela primeira vez em imagens de satélite no ano de 2019. Uma equipe de acadêmicos, ambientalistas e guias locais montou uma expedição para tentar alcançá-la ainda naquele ano. Porém depois de uma caminhada de 10 dias por terreno difícil, com poucos suprimentos e com um membro da equipe adoecendo, eles tiveram que interromper a expedição.
Após anos de expedições mal sucedidas, o feito de encontrar essa gigante da Amazônia se concretizou em setembro deste ano durante a 5ª expedição. Os pesquisadores consideram “gigantes” as árvores que possuem mais de 80 metros na região, ou seja, o dobro do dossel da floresta. Para chegar até a árvore, os pesquisadores contaram com o apoio de moradores da comunidade extrativista de São Francisco do Iratapuru, no sul do Amapá.
Depois de acampar sob a enorme árvore, o grupo coletou folhas, vestígios do solo e outras amostras, que agora serão analisadas para estudar questões como a idade da árvore (pelo menos 400 a 600 anos), o motivo de existir tantas árvores gigantes na região e quanto carbono elas armazenam. Esta coleta de materiais é fundamental para o monitoramento de crescimento e auxilia a entender as características da área e a evolução ao longo de anos.
Ameaça na floresta amazônica
Dados do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados no mês passado, mostraram que setembro registrou a maior área com alertas de desmatamento da série histórica para o mês. Foram 1.455 km² registrados, contra 1.454 km² verificados em 2019, o recorde anterior. Em relação ao ano passado, houve um aumento de 48% nesse índice – em 2021, foram 985 km².
Um grupo de pesquisadores brasileiros, publicou um artigo na revista Nature constatando que nos últimos dois anos as emissões de carbono dobraram em decorrência do desmatamento desacelerado.
Cerca de metade do peso das árvores gigantes da região é composto pelo carbono absorvido da atmosfera, fundamental para conter as mudanças climáticas. Entretanto, apesar do seu afastamento, os gigantes da região estão ameaçados. A madeira de Angelim vermelho é valorizada por madeireiros, e a reserva de Iratapuru está sendo invadida por garimpeiros ilegais famosos por trazer destruição ecológica.
O World Wildlife Fund observou que a Amazônia sofreu com o aumento do desmatamento, afetando a fauna e a flora da floresta. Além disso, essa região é conhecida por ser rica em recursos naturais, resultando em atividades de mineração, e a exploração excessiva de recursos aquáticos pode prejudicar o meio ambiente. A conservação da Amazônia é crucial para mitigar o avanço do desmatamento e consequentemente as mudanças climáticas.