Grande Mancha Vermelha de Júpiter está se comportando de maneira estranha

Novas imagens obtidas pelo telescópio Hubble mostram que mancha famosa do planeta Júpiter tem comportamento inesperado.

A Grancha Mancha Vermelha do planeta Júpiter é localizada na parte inferior do planeta e chama atenção desde o século XVII. Crédito: NASA
A Grancha Mancha Vermelha do planeta Júpiter é localizada na parte inferior do planeta e chama atenção desde o século XVII. Crédito: NASA

Um dos fenômenos mais curiosos no Sistema Solar é a Grande Mancha Vermelha de Júpiter. Ela recebe esse nome por justamente ser uma mancha avermelhada que está localizada na superfície do planeta e se destacando da cor mais clara em torno. Apesar de parecer pequena em comparação com o planeta, a mancha já teve um tamanho maior do que 3x o diâmetro da Terra e, hoje, ainda permanece maior que nosso planeta.

Essa mancha trata-se de uma tempestade com ventos que chegam a mais de 400 km/h que está disposto em um vórtice na atmosfera do planeta. A observação da mancha data do século XVII e desde então, astrônomos passaram a observar a tempestade com atenção. Desde sua descoberta, ela se mantém ativa até hoje com apenas mudanças no seu amanho e na sua cor, diferente de tempestades que duram apenas meses ou anos.

Nas últimas décadas, observações da Grande Mancha Vermelha mostram que o fenômeno está alterando de formato e mudando de comportamento. Em observações feitas pelo telescópio Hubble por 90 dias entre final do ano passado e começo desse ano, um efeito inesperado na Grande Mancha Vermelha foi observado por astrônomos. A missão é compreender mais sobre essa tempestade centenária do planeta Júpiter.

Júpiter

O maior planeta do Sistema Solar é o gigante gasoso Júpiter com uma massa 300 vezes maior do que a da Terra. Ele tem um diâmetro com mais de 140 mil quilômetros e é composto principalmente de hidrogênio e hélio. Sendo um planeta gasoso, sua atmosfera é turbulente e dinâmica com faixas de diferentes cores que destacam nas observações do planeta.

Por causa do intenso campo gravitacional, Júpiter atrai asteroides e outros corpos evitando que muitos atinjam o interior do Sistema Solar, incluindo a própria Terra, funcionando como um escudo gravitacional.

É possível observar o planeta a olho nu então a história de observação dele começa desde a Antiguidade. O planeta possui algumas características que chamam atenção como a grande quantidade de luas que orbitam o planeta além de aneis como de seu vizinho Saturno. Outra característica famosa do planeta gigante é a Grande Mancha Vermelha que se destaca por causa de sua cor em relação ao bege do planeta.

Grande Mancha Vermelha

A Grande Mancha Vermelha de Júpiter é uma tempestade que pode ser observada na parte inferior do planeta. Os ventos da tempestade chegam até velocidades de 400 km/h e gira no sentindo anti-horário. Apesar do tamanho variar, a Grande Mancha Vermelha chamou atenção por chegar a um tamanho que abrigaria três vezes o planeta Terra. A cor avermelhada chama atenção por ser diferente da cor encontrada no resto do planeta.

A Grande Mancha Vermelha é um dos destaque no planeta Júpiter que pode ser observada entre duas faixas de movimento de gás.
A Grande Mancha Vermelha é um dos destaque no planeta Júpiter que pode ser observada entre duas faixas de movimento de gás. Crédito: NASA

Alguns astrônomos sugerem que a cor se deve à presença de amônia e fósforo que causam reações química na tempestade. Um fato interessante sobre a tempestade é que ela é observada há séculos e se mantém ativa até hoje. No entanto, durante o século XX, há observações de que a mancha está encolhendo aos poucos. Algumas observações mostram que ela está com metade do tamanho que tinha há mais de 100 anos.

Observações do Hubble

Entre dezembro de 2023 e março de 2024, o telescópio Hubble fez uma observação contínua da Grande Mancha Vermelha. Os dados obtidos pelo Hubble foram importantes para mostrar que a tempestade não é tão estável como era considerada antes. Na realidade, a mancha parece distorcer como gelatina. Nos 90 dias de observações, pesquisadores da NASA observaram a evolução temporal da mancha.

Observações de dezembro de 2023 até março de 2024 feitas pelo telescópio Hubble. Crédito: NASA/Hubble
Observações de dezembro de 2023 até março de 2024 feitas pelo telescópio Hubble. Crédito: NASA/Hubble

Apesar do conhecimento que o tamanho da mancha tem mudado de século para século, a novidade é como o tamanho oscila em pouco tempo. Antes dessas observações, não havia uma observação longa e tão detalhada como a obtida pelo Hubble. Isso levanta a questão de o que pode causar isso porque atualmente explicações hidrodinâmicas ainda não explicam o comportamento bizarro da mancha.

Futuro da tempestade

Nos últimos 10 anos, astrônomos tem acompanhado o comportamento da mancha e uma das conclusões é que ela vem diminuindo ano após ano. A previsão é que a mancha continuará encolhendo até alcançar uma estabilidade mais arredonda. A ideia é que a mancha diminuirá até caber em sua faixa e os ventos manterão ela estável e no lugar.

Caso isso acontecer, a ideia é que a mancha seja menos turbulenta e mais previsível. Observações de alta resolução do Hubble poderão ajudar a entender melhor a dinâmica da tempestade e como ela irá evoluir no futuro.