Grandes incêndios consomem partes da Argentina

A seca prolongada que atinge o sul da América do Sul tem causado uma série de incêndios que já queimaram centenas de milhares de hectares na Argentina. Na província de Corrientes, 9% do território já foi consumido pelas chamas.

incêndios Argentina
A província de Corrientes, Argentina, tem sido consumida pelo fogo no último mês. Foto:Reuters.

Ainda sob os efeitos da La Niña, o sul da América do Sul continua sendo impactado por fortes ondas de calor além de um longo período de estiagem, enquanto o centro-norte do Brasil recebe acumulados de chuva acima do normal. Esse tempo seco e quente no sul do continente tem sido combustível para grandes incêndios que estão queimando áreas de florestas e de cultivo desde o início do ano em países como Uruguai e Argentina.

Na Argentina a província de Corrientes, no nordeste do país, está há um mês enfrentando um aumento progressivo de queimadas que estão consumindo áreas florestais e rurais. Até agora os incêndios já consumiram 785 mil hectares (equivalente a 7 850 km²), cerca de 9% do território da província!

O governador de Corrientes, Gustavo Valdés, declarou a província como uma zona de catástrofe ecológica e ambiental devido aos incêndios e afirmou que o prejuízo pode superar a marca de 40 bilhões de pesos (cerca de 1,9 bilhão de reais). As chamas atingiram inclusive o Parque Nacional Ibera, um dos maiores pântanos de água doce do mundo, vitimando muitos animais que viviam na região.

A fumaça oriunda desses incêndios tem alcançado os estados do Sul do Brasil, especialmente o Rio Grande do Sul. Cidades como São Borja, Uruguaiana e Itaqui registraram a presença da fumaça no céu, que ficou bem poluído nos últimos dias. As imagens de satélite registraram o deslocamento e presença da pluma de fumaça entre os dois países.

Inclusive, na cidade gaúcha de São Borja, que faz fronteira com a cidade argentina de Santo Tomé, Corrientes, foram registradas “chuvas de fuligem" nos últimos dias, em decorrência da proximidade dos incêndios. Inclusive, neste domingo (20), ventos de norte fizeram com que as chamas chegassem a São Borja, onde uma área de campo na margem de uma estrada pegou fogo, atingindo uma empresa de transportes. O fogo foi controlado pelos bombeiros.

No domingo, alguns núcleos de chuva ajudaram a amenizar a situação em Corrientes, trazendo um pequeno alívio aos bombeiros que têm combatido as chamas. Inclusive um vídeo de um bombeiro emocionado com a chuva viralizou na Argentina pelas redes sociais. Entretanto, as chuvas não foram o suficiente e as chamas ainda continuam queimando a região.

Incêndios dispararam na Argentina em 2022

De acordo com os dados do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o número de focos ativos de incêndios detectado por satélites, a Argentina já registrou 10 846 focos de incêndio do início do ano até ontem (20), o maior valor registrado para esse período desde o início do programa em 1999.

Argentina registrou um aumento de 945% no número de focos de incêndio neste ano, em relação ao mesmo período do ano passado.

No mês de janeiro foram registrados 7 199 focos de incêndios, valor muito acima da média do mês, de 1 648, e acima do antigo recorde de 4 624 registrado em janeiro de 2002. Em fevereiro, até o dia 20, foram registrados 3 647 focos ativos, valor muito acima da média de 1 193 e acima do antigo recorde de fevereiro de 2003, de 2 585 focos, batendo um novo recorde antes mesmo de fechar o mês!