Guerra na Ucrânia: aumento da radiação em Chernobyl é preocupante
Autoridades Ucranianas reportaram um aumento nas leituras de radiação da Zona de Exclusão de Chernobyl, após invasão de tropas vindas da Bielorrússia. As leituras preocupam especialistas, que alertam para uma possível catástrofe ambiental.
Conforme a invasão russa da Ucrânia toma forma, não demorou para que as tropas chegassem ao território da Usina Nuclear de Chernobyl, conhecida pelo desastre de 1986. Após a tomada do território, uma alta nas medições de radiação preocupou especialistas.
Autoridades ucranianas relataram que tropas da Bielorrússia avançam pela região e alertam que a simples passagem de veículos militares pode levantar resíduos nucleares do solo da zona de exclusão - uma região de 2600 quilômetros quadrados em torno do centro do desastre nuclear de 1986.
O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia mencionou um ataque russo à região poderia causar outro desastre ecológico. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) explica que os níveis de radiação seguem aceitáveis em Chernobyl, mas está observando a situação de perto e pede cautela na Zona de Exclusão.
O desastre nuclear de 1986 pode se repetir?
O acidente de Chernobyl em 1986 foi o resultado de um projeto de reator falho, operado por equipe sem treinamento adequado. A explosão de vapor resultante e os incêndios liberaram material radioativo na atmosfera, posteriormente sendo depositado em diversas partes da Europa.
Na época, dois trabalhadores morreram devido à explosão e outras 28 pessoas em decorrência dos efeitos da radiação. Cerca de 350 mil pessoas foram evacuadas, e estima-se ainda que o evento foi responsável por 5 mil casos de câncer de tireoide nos anos seguintes.
Além de Chernobyl, a Ucrânia possui outros 15 reatores nucleares em quatro usinas que abastecem mais da metade do país. Entre essas instalações está a maior usina nuclear da Europa, a de Zaporizhzhia, localizada a cerca de 200 quilômetros da zona de combate de Donbas e que pode em breve estar na linha de frente do conflito.
Para piorar ainda mais a situação, a radiação não é o único risco. De acordo com Richard Pearshouse, da Anistia Internacional em Genebra, o leste da Ucrânia é altamente industrializado, cheio de fábricas químicas, minas arruinadas e usinas térmicas.
O potencial de um combate desencadear algum tipo de desastre ambiental de outras naturezas é enorme, o que pode agravar ainda mais a terrível crise humanitária que a invasão russa já está causando na Ucrânia.
Até o momento, forças da Ucrânia e da Rússia parecem estar trabalhando em conjunto para manter a situação sob controle no reator. Embora fosse possível reduzir o risco potencial ao desligar os reatores nucleares, mais de 50% da energia elétrica Ucraniana é dependente da energia nuclear, e interromper seu funcionamento seria, novamente, um fator de agravamento para a crise humanitária.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) avalia que as leituras, de 9,46 micro sieverts, estão dentro da faixa operacional da Zona de Exclusão, mas acrescentou que é de vital importância que a operação segura das instalações nucleares continue e não seja afetada ou interrompida de forma alguma.