Hanseníase não é uma doença do passado: Brasil fica atrás somente da Índia em número de casos!

A Hanseníase é uma doença cutânea, a qual ainda acomete muitas pessoas, e o Brasil é o segundo país com mais casos no mundo. Dificuldade de reconhecer sintomas e conscientização ainda são um desafio.

Hanseníase
O Brasil ocupa o segundo lugar entre os países com mais casos de Hanseníase no mundo, ficando atrás somente da Índia.

Você já deve ter escutado sobre a hanseníase, doença que, no passado, ela era conhecida como Lepra, e atravessou milênios de acometimento na história da humanidade. Existiu e ainda existe muito preconceito ao redor dessa doença, levando pessoas ao exílio, na Idade Média, por exemplo.

Uma antiga doença atual

A Hanseníase é causada pela presença da bactéria causadora da doença, o Mycobacterium leprae. É caracterizada como uma doença infecciosa e contagiosa a partir da dispersão e contato próximo e frequente e pelas gotículas de saliva, segundo matéria da BBC.

No decorrer dos séculos, ainda de forma imprecisa, a hanseníase era agrupada juntamente com outras patologias cutâneas como a psoríase, escabiose, impetigo, pela designação de lepra - Ministério da Saúde

Apesar de ser uma doença cuja manifestação mais conhecida são as lesões e manchas na pele, a hanseníase também acomete os nervos periféricos, gerando alterações como dormência e perda da sensibilidade do membro inervado, "conferindo um alto poder incapacitante", segundo a matéria do Ministério da Saúde.

Lenta, mas progressiva

Apesar de ser contagiosa, a transmissão da hanseníase requer um contato próximo e prolongado com a pessoa infectada pela bactéria. Segundo a Sociedade Brasileira de Patologia, "mesmo assim, somente uma pequena parcela das pessoas que entram em contato com o M. leprae desenvolve a doença".

"Ele costuma se esconder nos nervos periféricos, que ficam logo abaixo da pele, e podem permanecer ali por anos ou décadas antes de manifestar qualquer sintoma" - BBC

Outra característica importante é a reprodução lenta que o Mycobacterium leprae tem, em relação a outras bactérias, como destaca a BBC, levando cerca de 15 dias para se reproduzir no organismo. No entanto, essa doença por vezes silenciosa pode gerar quadros graves para o indivíduo e uma grande carga para a sociedade.

Um problema de saúde pública atual

Apesar de ser considerada uma doença do passado no ideário popular, o Brasil ocupa a segunda posição de país com o maior número de casos de hanseníase do mundo, segundo o Ministério da Saúde, ficando atrás apenas da Índia.

Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, atualizado em maio de 2023, "em 2021, 140.594 casos novos foram reportados globalmente, e o Brasil ocupa a segunda posição no mundo entre os países que reportam casos novos da doença à Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo responsável por cerca 13% (18.318 casos novos) dos casos detectados no mundo".

Hanseníase lesões Brasil
A Hanseníase cuja manifestação mais conhecida são as lesões e manchas na pele, a hanseníase também acomete os nervos periféricos.

Segundo o Boletim Epidemiológico, a taxa de detecção geral da doença está em queda no país, mas ainda é considerada endêmica em estados como Tocantins, Mato Grosso, enquanto outros estados apresentam uma alto taxa de casos, em alguns estados da região Norte, Nordeste e Centro-Oeste, segundo a matéria da BBC.

Uma doença ainda negligenciada

Atualmente, a doença é mais presente em regiões de pobreza, alta concentração de indivíduos por domicílio e carece de maior conscientização e criação de políticas públicas para seu enfrentamento. Ainda, existe muito preconceito sobre a doença, e o termo lepra entrou em desuso justamente por uma ressignificação social da doença.

Apesar de estar mais presente em regiões mais pobres e populosas, a doença pode acometer qualquer classe social. Fique atento aos sinais e sintomas abaixo, retirados do site do Ministério da Saúde sobre a doença:

  • Manchas (brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas) e/ou área (s) da pele com alteração da sensibilidade térmica (ao calor e frio) e/ou dolorosa (à dor) e/ou tátil (ao tato);
  • Comprometimento do (s) nervo (s) periférico (s) – geralmente espessamento (engrossamento) –, associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas;
  • Áreas com diminuição dos pelos e do suor;
  • Sensação de formigamento e/ou fisgadas, principalmente em mãos e pés;
  • Diminuição ou ausência da sensibilidade e/ou da força muscular na face, e/ou nas mãos e/ou nos pés;
  • Caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.

Em caso de suspeita, procure o auxílio médico para investigação. E se presenciar alguma ação discriminatória contra uma pessoa com hanseníase, utilize as ouvidorias de saúde ( DISQUE SAÚDE 136) para denúncia.