Hunga Tonga: novos dados impressionantes sobre a erupção que abalou o mundo
A erupção do vulcão Hunga Tonga produziu efeitos nunca antes vistos na história da observação moderna. Passado um ano após a mais intensa erupção registada no planeta Terra, há novos dados impressionantes. Saiba tudo aqui!
Depois de 7 anos “adormecido”, o vulcão gerou uma impressionante nuvem de cinzas que subiu mais alto na atmosfera da Terra do que qualquer outra já registada, atingindo os 58 km, e um tsunami de quase 15 metros que devastou o isolado arquipélago insular do Reino de Tonga.
A erupção do Hunga Tonga-Hunga Ha'apai entrou para a história ao quebrar todos os tipos de recordes. Sabe-se que a energia liberada ultrapassou a maior explosão provocada pelo Homem na História, a mais potente bomba nuclear detonada, a bomba Tsar.
O impacto da explosão e do tsunami que a erupção gerou não se limitou a este arquipélago de mais de 170 ilhas, e ao sul do Oceano Pacífico. A erupção gerou um tsunami global, um dos muito poucos tsunamis que conhecemos que afetou todos os oceanos e mares do planeta Terra, gerado por um choque de pressão provocado pela erupção, que viajou na atmosfera.
Uma investigação publicada na revista Nature confirmou que esta erupção tinha se tornado a maior explosão na Terra nos tempos modernos. Mas os seus efeitos não param por aqui. Estima-se que os seus efeitos poderiam alterar o clima da Terra ao ponto de o aquecer nos próximos cinco anos, afetando também a camada de ozônio.
Um fenômeno notável na era da observação moderna
Embora este seja hoje um dos mais notáveis fenômenos naturais na era da observação moderna, felizmente o número de vítimas foi manifestamente inferior ao esperado, dada a dimensão do evento e comparação com fenômenos passados.
Há que viajar 140 anos para encontrar uma erupção de dimensão idêntica que tenha abalado o planeta Terra. A 27 de agosto de 1883, o vulcão Krakatoa entrava em erupção, levando à autodestruição de parte daquela ilha indonésia, causando aquele que havia sido até aos dias de hoje o maior e mais desastroso tsunami vulcânico da História.
O fenômeno foi acompanhado por vários satélites de observação da Terra, que recolheram dados em diferentes momentos: antes, durante e após a erupção. A equipa de cientistas do Aeolus Data Science Innovation Cluster usou os dados da missão Aeolus da ESA (European Space Agency) para monitorizar a explosão vulcânica, através de dados obtidos quase em tempo real do Aeolus Virtual Research Environment.
Com a erupção do Hunga Tonga, notaram que a pluma de cinzas expelida bloqueou o sinal do satélite na área da mesma, quando esta foi injetada na troposfera superior e na estratosfera inferior.
Esta quebra no sinal do Aeolus sobre a região da erupção sugere que a nuvem de cinzas vulcânicas deva ter atingido uma altitude acima do alcance do satélite, que foi depois aumentado de 21 km para 30 km, no final de janeiro de 2022, o que permitiu perceber que a pluma de cinzas ultrapassou claramente a estratosfera.
Em um artigo recentemente publicado na revista Nature, uma equipa de investigadores mostrou algo impressionante: a erupção de Tonga-Hunga forneceu a primeira evidência observacional de uma substancial hidratação estratosférica impulsionada por vulcões, aparentemente devido à localização submarina deste.
Aumento sem precedentes da massa de água estratosférica global
O estudo revela que esta erupção causou um aumento sem precedentes da massa de água estratosférica global em 13% (em relação aos níveis climatológicos) e um aumento de cinco vezes na carga de aerossóis estratosféricos – o maior nas últimas três décadas.
Através da combinação de dados de satélite, incluindo dados do satélite Aeolus da ESA e de observações terrestres, a equipa descobriu que, devido à altitude extrema, a pluma vulcânica circunavegou a Terra em apenas uma semana e que se dispersou quase de polo a polo em três meses.