Inteligência artificial encontra mais de 20 mil asteroides escondidos no Sistema Solar

Técnica de inteligência artificial foi utilizada para encontrar mais de 20 mil asteroides em imagens do Sistema Solar. Os objetos nunca haviam sido observados antes

Mais de 20 mil asteroides foram encontrados por inteligência artificial.
Mais de 20 mil asteroides foram encontrados por inteligência artificial.

Em muitos filmes, asteroide atingindo a Terra é o motivo do início do fim do mundo e um futuro distópico. Isso torna comum que o medo de um impacto de asteroide com o planeta seja comum entre as pessoas. O medo é justificado quando uma extinção em massa no planeta já aconteceu por causa de um evento desse tipo.

Para evitar essas surpresas do Sistema Solar, os asteroides são monitorados com interesse de diversas agências espaciais. É comum que asteroides passem próximos da Terra e até algumas rochas atinjam o planeta sem muitos danos. Apesar que notícias sensacionalistas sobre possíveis asteroides são comuns já que conquistam o interesse do povo.

Uma nova ferramenta de inteligência artificial contribuirá para mapear de forma ainda mais precisa os asteroides presentes. A ferramenta foi criada pelo grupo de pesquisa da Fundação B612 que desde 2002 estuda trajetórias de asteroides e como proteger a Terra dos impactos. A inteligência artificial já encontrou mais de 20 mil asteroides que eram desconhecidos até então.

Asteroides

Asteroides são objetos rochosos que orbitam o Sol em diferentes tipos de órbitas e interagem gravitacionalmente com os planetas. Em sua maioria, eles são rochas remanescentes da formação do Sistema Solar. Parte dos asteroiudes estão localizados em uma região entre Marte e Júpiter chamada de cinturão de asteroides.

Asteroides são rochas que podem medir desde alguns centímetros até centenas de quilômetros.

Alguns desses asteroides são puxados pelo campo gravitacional intenso do planeta Júpiter e são chamados de asteroide troianos. Dessa forma, Júpiter é uma defesa natural para o planeta Terra evitando que asteroides cheguem no interior do Sistema Solar puxados pelo Sol. A maior parte dos asteroides que tem trajetória próxima da Terra são monitorados.

Extinção em massa

Uma das extinções em massa que a vida no planeta Terra já sofreu foi a extinção do Cretáceo-Paleogeno. Evidências da alta concentração de metais presentes apenas em asteroides sugerem que um impacto causou a extinção. É estimado que cerca de 75% da fauna e flora terrestre foram extintas durante essa época.

É estimado que o asteroide tinha um pouco mais de 10 quilômetros de diâmetro e atingiu o Golfo do México há 66 milhões de anos atrás. A cratera associada com o impacto é a cratera Chicxulub com cerca de 180 quilômetros de diâmetro. O fato é suficiente para o medo de impactos de asteroides e a tecnologia para mudar a trajetória ser do interesse de agências e pesquisadores.

Missão DART

No dia 26 de setembro de 2022, o mundo acompanhou quando uma sonda colidia com o asteroide de 160 metros chamado Dimorphos. A missão tinha como objetivo alterar a trajetória do asteroide através do impacto e transporte de energia cinética. A missão foi bem sucedida e conseguiu mudar a órbita do asteroide encurtando-a por 33 minutos.

Comparação da antiga órbita e da nova órbita do asteroide Dimorphos, também conhecido como Didymos.
Comparação da antiga órbita e da nova órbita do asteroide Dimorphos, também conhecido como Didymos. Crédito: ESA

Essa foi a primeira vez que um teste do tipo foi feito com o objetivo de alterar a trajetória de um objeto do Sistema Solar. A missão tinha como propósito estudar a possibilidade de alterar trajetórias de possíveis asteroides que possam oferecer perigo para a Terra. Por isso a necessidade de mapear os asteroides do Sistema Solar.

Inteligência artificial

Com mais asteroides mapeados, mais cedo é possível construir e planejar missões como a missão DART. Poucos asteroides conhecidos tem tamanhos grandes o suficiente para oferecer perigo mas a busca por eles ainda existe. Pensando nesse problema, o grupo de pesquisadores da Fundação B612 propôs o uso de inteligência artificial.

Imagens com classificação de asteroides obtida por inteligência artificial.
Imagens com classificação de asteroides obtida por inteligência artificial. Crédito: B612 Foundation

A ferramenta que eles construíram foi um modelo treinado com imagens do céu e capaz de classificar mais de 1 bilhão de pontos de luz. O foco do modelo é classificar asteroides encontrados nessas imagens. O resultado foi que a inteligência artificial foi capaz de classificar cerca de 27 mil asteroides.

A maior parte desses asteroides encontrados estão no famoso Cinturão de Asteroides que está localizado entre Marte e Júpiter. Os outros são, em maior parte, asteroides que acompanham a órbita de Júpiter. O interesse é encontrar objetos grandes que poderiam oferecer perigo para a Terra.

Mudança na busca por asteroides

Com o uso dessa ferramenta, o time argumenta que é possível melhorar a busca por asteroiudes com uso de telescópios. Dessa forma facilitando encontrar objetos maiores e planejar missões, caso for necessário. A inteligência artificial surge como uma ferramenta para acelerar e trazer resultados mais precisos.

As esperanças estão no telescópio Vera Rubin estimado para entrar na ativa ano que vem. Com as observações do Sistema Solar, é estimado que seja possível encontrar milhões de objetos espalhados pelo sistema.

Referência da notícia:

B612 Foundation 2024 Asteroid Institute and Google Cloud Identify 27,500 New Asteroids Press-release