Intensa massa de ar polar deve aumentar os prejuízos na agricultura
Ondas de frio, intensas massas de ar polar, geadas, tempo seco, condições adversas do tempo que tornaram a vida dos produtores rurais brasileiros mais difícil neste mês de julho. O mês ainda não acabou e os prejuízos podem aumentar com mais um evento de geada.
Produtores rurais e grandes cooperativas ainda contabilizam as perdas em diferentes áreas produtoras do Brasil. Fortes geadas atingiram a produção de trigo, milho safrinha, hortaliças e especialmente o café no sul mineiro que não registrava um evento tão extremo há anos.
O mês de julho, assim como os últimos trimestres, tem sido marcado pelas condições adversas do tempo, e o produtor rural vem sentindo isso no campo e no bolso, os prejuízos só aumentam com a falta de chuva, com as queimadas, com o solo seco, com as temperaturas extremamente baixas. Áreas do centro-sul brasileiro viram sua produtividade despencar, o que estava difícil se tornou cena de horror com as últimas geadas.
Segundo Sérgio de Zen, diretor executivo de política agrícola da Conab, a produção de café no Brasil não enfrentava um evento climático relacionado à geadas assim há 27 anos. Cafeicultores no sul de Minas Gerais relatam que os cafezais que não haviam sido atingidos pela primeira onda de frio no final de junho, foram atingidas nesta última semana, a cafeicultura está em luto.
Como tudo aconteceu
A primeira onda de frio extremo ocorreu entre o final de junho e início de julho após a passagem de uma frente fria. Na retaguarda do sistema frontal, veio uma massa de ar seco e de origem polar que derrubou as temperaturas de forma acentuada em boa parte do Brasil, inclusive com incursão de friagem até áreas do Norte e do Nordeste.
O frio mais extremo ficou concentrado em áreas do centro-sul. Geadas foram registradas de forma abrangente no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná, em Mato Grosso do Sul. O fenômeno também foi registrado em áreas que dificilmente ocorrem como em Mato Grosso, atingindo áreas produtoras de algodão, algo difícil de se ver. No Sudeste, temperaturas recordes, as menores do ano em diversas cidades do estado de São Paulo e de Minas Gerais. Geadas que afetaram importantes áreas produtoras dos dois estados.
Na última semana mais uma frente fria, mais uma massa de ar polar e novos episódios de geadas. Áreas produtoras do Sul, Sudeste e Centro-Oeste de novo atingidas, de forma mais forte, de forma mais abrangente. O agro que já vinha enfrentando dificuldades, viu a situação se agravar.
Grandes perdas
A Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) ressalta que em torno de 30% da área de café no estado mineiro sofreu danos com as geadas até o momento, são praticamente 70% de toda a produção queimada. Isso deve gerar uma queda de até quatro milhões de sacas no sul de Minas Gerais em 2022.
Em Ribeirão Preto no norte paulista, maior região produtora de cana de açúcar do país, as temperaturas também cairam, o suficente para registrar o frio mais intenso dos últimos 20 anos. A produção de cana de açúcar que já enfrentava dificuldades com a estiagem, estima agora uma perda de pelo menos 4,6% com relação a última safra após as geadas. Além da cana, a produção cítrica na região também foi afetada.
As perdas do milho safrinha são tão grandes frente as dificuldades que os produtores já vinham enfrentando e que agora se agravaram com as geadas, que a expectativa é de faltar milho no mercado. O frio foi tão intenso que em General Carneiro, no Paraná, termômetros registraram temperaturas de quase 8°C abaixo de zero.
O que fazer
Frente aos eventos extremos, produtores rurais se vêem preocupados com a safra atual e também com a futura. Afinal, o que fazer depois de uma geada forte?
Os efeitos de uma geada podem ser drásticos, as baixas temperaturas podem congelar as células das folhas, os ramos e até troncos. Após a ocorrência da geada e com o aparecimento do sol, as células congeladas explodem, o que pode causar a morte das folhas, um dano irreversível.
O correto é aguardar alguns dias antes de fazer qualquer manejo, pois a tomada de decisão errada pode agravar ainda mais a situação. Os danos precisam ser avaliados por um agrônomo e só depois de uma avaliação completa programar a recuperação da lavoura, seja com pulverização ou podas.
O frio ainda não acabou
O inverno ainda não acabou, aliás o mês de julho também não. Mais uma intensa massa de ar polar está prevista para esta última semana do mês.
Com a passagem de uma nova frente fria, uma nova massa de ar seco e de origem polar deve avançar pelo centro-sul. Novas geadas, intensas e abrangentes, podem ser registradas em áreas produtoras do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Sim, os prejuízos na agricultura podem aumentar no decorrer desta semana. São esperadas temperaturas baixas em áreas produtoras de trigo, milho safrinha, cana de açúcar, citrus, hortaliças e também no café!
A previsão é de que o frio comece a avançar a partir desta terça-feira (27) pelo Rio Grande do Sul e chegue ao sul de Minas Gerais na madrugada da sexta-feira (30).