Intensa seca atinge o sudoeste dos EUA: o possível maior desastre do século
Intensa onda de calor está causando megaseca no Sudoeste dos Estados Unidos, afetando a biodiversidade e os níveis dos reservatórios da região. Este pode ser um dos maiores desastres climáticos dos últimos anos.
Recentemente, o mundo presenciou diversos eventos extremos em várias regiões, como ondas de calor, chuvas extremas e incêndios florestais. Tudo isso é consequência das mudanças climáticas associadas ao aquecimento do planeta.
O sudoeste dos Estados Unidos e o oeste das montanhas, que compreende os estados da Califórnia ao Colorado, têm sofrido com uma forte onda de calor.
Ondas de calor prolongadas estão tornando cidades dos Estados Unidos, quase inabitáveis durante os verões. Seus maiores reservatórios - Lake Mead e Lake Powell - estão em níveis recordes de baixa e possuem a tendência de encolher. Agora, os incêndios florestais estão suscetíveis a ocorrer o ano todo, pois a vegetação está mais seca, contribuindo para formação de incêndios.
De acordo com estudos recentes, em algumas partes do sudoeste, as temperaturas médias anuais já aumentaram mais de 1,5°C, um limite considerado o ponto de inflexão em que as consequências devastadoras para as pessoas e o meio ambiente se instalam.
Diante dos últimos acontecimentos, as regiões áridas e semiáridas estão sofrendo com o efeito de desertificação. E apesar de todas as inovações modernas para contornar um clima implacável, a seca pode mais uma vez ter a palavra final, a menos que medidas drásticas sejam tomadas rapidamente.
A seca mais intensa dos últimos 1200 anos
Embora a seca seja uma parte natural do clima do Sudoeste, ao analisar a relação entre os anéis de crescimento das árvores e a umidade do solo, os pesquisadores descobriram que o atual período de aridez, que começou em 2000, não tem precedentes desde 800 dC. O artigo de 2022, publicado na revista Nature Climate Change, atribuiu 42% das condições quentes e secas das últimas duas décadas ao aquecimento global.
Um relatório recente do IPCC, detalhou como os incêndios florestais que atingem a vegetação de pinheiros do Sudoeste americano estão alimentando um perigoso ciclo de feedback positivo. Ao invés de atuar como um sumidouro de carbono, algumas florestas podem realmente se tornar geradores de gases de efeito estufa à medida que queimam, gerando mais aquecimento.
Dessa maneira, quando as consequências das mudanças climáticas ocorrem simultaneamente e transformam o que poderia ter sido um evento normal relacionado ao clima, como um incêndio ou uma onda de calor, em um verdadeiro desastre.
Um exemplo é no Colorado, na encosta oeste das montanhas rochosas que alimentam o Lago Powell e o Lago Mead. Foi observado queda de neve reduzida e temperaturas mais altas, além disso, as tempestades de poeira nas proximidades de Utah ficaram maiores e mais frequentes à medida que o solo perdeu umidade. Assim, a poeira sopra em direção a montanha, fazendo a neve derreter ainda mais rápido, resultando em uma seca pior ainda.
Um caso semelhante ocorreu no verão passado com grandes incêndios florestais no Norte do Arizona. A escassez de neve resultou em um solo ressecado, onde a seca e as pragas já haviam matado muitas árvores. Isso combinado com o calor recorde, baixa umidade e ventos intensos, favoreceu incêndios florestais imparáveis.
Tais fenômenos só confirmam o que os cientistas vêm alertando nos últimos anos, os eventos extremos como ondas de calor, incêndios florestais e chuvas extremas, passarão a ocorrer com mais frequência e intensidade.