Já dizia minha mãe: céu vermelho no inverno é sinal de frio. Será?
Você certamente já ouviu de alguém mais velho que céu avermelhado era sinal de fazer frio durante a noite, principalmente nas estações de outono e inverno. Mas será que isso tem realmente ligação?
O céu é considerado um dos maiores espetáculos do universo, sua beleza incomparável e também suas particularidades, com certeza, nos deixam com várias dúvidas. Uma delas é a sua tonalidade, as cores que tomam forma no céu. Existe um real motivo para sua mudança de cor, mas muitos ainda creditam os mais velhos pelas definições peculiares.
O céu tem sua variação de cor ao longo de todo o ano, é bastante poético, bonito, mas não podemos nos esquecer que é pura ciência, a física em sua forma. Apesar de tantas e tantas explicações, ainda é muito comum ouvir por aí que o céu é mais avermelhado durante o inverno, e que isso é sinal de muito frio. Será?
Sabe-se que a luz é composta de todas as cores do espectro visível, sendo elas: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. A coloração do céu tem tudo a ver com a dispersão da luz solar, e ela não é dispersa igualmente, é o que vamos entender agora.
Cores e comprimentos de onda
Cada cor tem um comprimento de onda diferente, por exemplo, a cor violeta tem o comprimento de onda mais curto, enquanto que a cor vermelha tem o comprimento de onda mais longo, e isso, claro, provoca influências na cor do céu.
De modo resumido, cada cor que nossos olhos conseguem enxergar corresponde a um comprimento de onda dentro do intervalo de comprimentos de onda que nossos olhos são capazes de perceber, lembrando que ondas mais curtas são mais azuladas e ondas mais longas são mais avermelhadas.
Céu vermelho é sinal de frio?
Quando a luz do sol passa por diferentes camadas de ar na atmosfera, cada uma com gases de diferentes densidades, ela se adapta e se divide, além de rebater e refletir. Quando o Sol se põe ou nasce, seus raios atingem as camadas consideradas superiores da atmosfera em um determinado ângulo, eis aí que a mágica começa a acontecer.
Moléculas de nitrogênio e oxigênio são realmente minúsculas, muito menores que o comprimento de onda da luz do Sol que atinge a Terra, e quando um raio solar acerta uma molécula que é muito menor que seu comprimento de onda, ele acaba sendo espalhado em todas as direções e se transforma em luz difusa, e com isso chegamos ao céu azul, porque as moléculas de ar, bem pequenininhas, espalham os raios solares que se transformam em luz difusa azulada.
Em contrapartida, se a luz do Sol atravessa uma distância considerada muito longa na atmosfera, a luz difusa azulada vai enfraquecendo, ao mesmo tempo, as ondas mais longas não são afetadas por essas moléculas de ar, ou seja, a tonalidade predominante passa a ser a avermelhada.
É por isso que quando o Sol está mais próximo ao horizonte (nascendo ou se pondo), seus raios atravessam uma distância muito maior na atmosfera comparada a distância que é percorrida quando o Sol está próximo ao alto do céu (meio-dia).
O que pode ser considerado uma combinação explicativa entre céu vermelho e inverno, é que por conta do ar seco e frio, que normalmente acontece em boa parte do Brasil durante esta época do ano, acontece um fenômeno chamado inversão térmica.
Entendendo a inversão térmica do inverno
A inversão térmica deixa as camadas da atmosfera mais próximas à superfície muito estáveis, o que dificulta a dispersão da poeira e outros poluentes, ou seja, ficam mais concentrados a poucas centenas de metros do chão, que é quando classificamos também como piora na qualidade do ar nos dias mais frios de inverno.
Tais partículas de poeira e poluição são bem maiores que as moléculas de ar, e quando um raio solar as atinge, as mesmas tendem a espalhar a luz incidente de uma forma diferente, o que resulta em luz difusa mais longa, e portanto, avermelhada.
Com isso, conclui-se que no inverno, com a atmosfera fria e mais estável, há maior concentração de partículas maiores de poeira e poluentes, que espalham mais ondas longas durante o nascer e o pôr do Sol, que naturalmente já são avermelhados como dito anteriormente, o que acontece no interno, é uma intensificação das moléculas maiores que ajudam na coloração laranja, rosa e vermelha do céu.